Turma Formadores Certform 66

Monday, April 02, 2012

Conversas comigo mesmo - LXXXI

Educar, etimologicamente, significa "conduzir para fora" (ex ducere), isto é, trazer para fora tudo de bom que a nossa alma encerra e isso é a verdade, a bondade, a generosidade e o altruismo. Daí que o acto de educar seja uma acto nobre e o professor um ente venerado em muitas culturas que não na nossa, mais materialista, mais ligada aos aspectos materiais imediatos do que à essência da alma, se assim o posso dizer. Daí que insista junto das gerações mais novas para olhar com olhos diferentes a essência do aprender, da escola, da educação. Se existem professores - mestres como lhes gosto de chamar - também é certo que nem todos têm a vocação que deveriam ter, vocação quase diria sacerdotal. Mas isso acontece em todas as profissões, e não será por aí que as coisas se justificarão. Hoje assistimos a uma desvalorização da cultura - até o governo dá disso exemplo, infelizmente! - desvaloriza-se a leitura fonte de saber, exercício mental para a imaginação, que a juventude de hoje desvaloriza. Até os programas informáticos já têm cartas pré-programadas o que evita que os operadores pensem. Isso mesmo, o importante é que as pessoas não pensem, vivam alheadas - alienadas - do mundo que as cerca. Dizia Santa Teresa de Jesus: “Lê e conduzirás; não leias e serás conduzido.” Assim se percebe porque é que normalmente os poderes instituídos não gostam da cultura, e quando digo isto, não estou a olhar só para o passado, infelizmente. Mas hoje os jovens não lêem, os pais não incentivam, - se calhar também não têm esse hábito -, os mestres vão remando contra a maré e, o principal que são os livros, também estão a um preço que desincentiva e justifica esta (in)capacidade amorfa de leitura e de cultura. Já dei formação empresarial a jovens licenciados que não eram capazes de elaborar uma simples carta para um cliente ou um fornecedor, recorrendo aos "templates" que os programas informáticos disponibilizam e que são no mínimo redutores. Daí as pessoas não saberem expressar-se, não saberem escrever com qualidade, porque lhes falta o substracto essencial que é a cultura. Como diz esse grande pensador e pedagogo brasileiro, Paulo Freire, "educação não transforma o mundo, educação muda pessoas, pessoas transformam o mundo". Assim com esta clareza, está tudo dito. Daí que a aposta na educação, na cultura, na leitura, - tudo isto está interligado -, será seguramente sinónimo dum mundo melhor. Um tema para reflexão e debate, donde os pais não estarão, seguramente, excluídos.

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