1º de Maio - Dia do Desempregado
Comemoramos mais um Dia do Trabalhador que, dadas as circunstâncias se deverá passar a chamar Dia do Desempregado! Porque ele é imenso - mais de um milhão e duzentos mil - mas também porque, infelizmente, ele tenderá a aumentar e duma forma acentuada. Daí, o celebrar este dia a pensar no trabalhador começa a ser tarefa cada vez mais difícil neste Portugal ultraliberal, depauperado, à beira mar plantado e prestes a afogar-se. E perante este desespero em que nos encontramos, só nos resta uma de três coisas: ou o pastel de nata, ou emigrar - sugestão do PM - ou, ir vender a imagem de Portugal como sugeriu o PR no passado 25 de Abril! A estratégia do pastel de nata já vimos o que dá, mais empobrecimento, mais desemprego, mais desigualdades sociais. O emigrar é uma solução que os jovens - sobretudo, os qualificados - estão a seguir à risca. Arriscando-se Portugal a ficar com os velhos, os menos qualificados, aqueles que, queiramos ou não, são o "refugo" da sociedade. E será com velhos e pessoas com poucas ou nenhumas qualificações que vamos erguer Portugal? Claro que não, mas é seguramente uma verdadeira lotaria para os nossos governantes que assim, podem impor melhor as suas ideias ultraliberais, sem que ninguém se lhes venha a opor, ou a estugar o passo: ou porque a idade já não o permite, ou simplesmente, porque não têm conhecimentos sequer para perceber o que lhes está a acontecer. (A cultura sempre foi uma pecha com que alguns governos não convivem bem, isto também é uma lição do passado!) Uma estratégia já vista neste lusitana terra, noutros tempos que pensávamos - pelos vistos erradamente - que tinham sido irradicados. Quanto a sermos os verdadeiros agentes de marketing do país, pois esta é nova, e teve o patrocínio do PR. (Ideia tão interessante comparada com o discurso que o mesmo PR fez no 25 de Abril do ano passado. O que vem apenas confirmar aquilo que à muito vimos afirmando, que estamos perante um verdadeiro PR de facção, facto que se torna cada vez mais evidente e despudorado). Mas não pensem que vão ter um emprego e fugir ao estigma dos sem trabalho. Essa peregrina actividade - a de vendedor de sonhos - terá que ser exercida em regime de voluntariado porque dinheiro é o que não existe, ou melhor, existe mas só para alguns. Por estas razões não vemos como celebrar este 1º de Maio. Apenas haverá motivação para exprimir a revolta que nos corrói, aquela que nos atira para o caixote dos indigentes e desqualificados, aquela revolta que destruiu a classe média, a revolta enfim, deste descalabro para que nos estão a empurrar. E aí sim, haverá bastas razões para o celebrar. Porque a indignação tem que ser mostrada, - mesmo quando tentam aniquilá-la com cargas policiais a lembrar outros tempos -, porque já começa a ser demais tanto sacrifício sem que se veja algum sinal de alento lá mais à frente. Como a canção de Sérgio Godinho dizia: "Sem a paz, o pão, educação/saúde, habitação/ não há liberdade a sério". E celebrar a liberdade apenas porque ela nos permite votar de quatro em quatro anos, é manifestamente pouco. Quando um povo não tem paz e serenidade, quando lhe começa a faltar o pão na mesa, quando a educação volta a ser para os ricos como no passado, quando a saúde é para os privados e o SNS é destruído todos os dias, quando a habitação própria começa a ser uma miragem pela usura dos bancos, de facto, por mais que nos proclamemos livres não o somos. Sem estes factores não há, de facto, liberdade a sério.
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