"A Dividadura" - Francisco Louçã e Mariana Mortágua
"Dizemos aos leitores, com toda a franqueza, que escrevemos as próximas páginas com indignação, porque as políticas impostas - mas não sufragadas, pois as suas medidas emblemáticas nunca foram propostas a eleições - podem porventura ser apresentadas de muitos modos, mas não com o argumento de que são uma alternativa para Portugal ou para a Europa. Menos de um ano depois da assinatura do acordo com a Troika, já Portugal sabe que as medidas que estão a ser aplicadas criam uma nova recessão, multiplicam o endividamento, destroem a produção e o emprego e, sobretudo, buscam impor um novo regime social de trabalho barato e disponível sem direitos. A única alternativa imposta pela política dominante é a crise, a maior recessão jamais registada no país, como antecipa um relatório do Banco de Portugal. Estamos a ser enganados e explorados pela ditadura da dívida, pela dividadura". Esta é a sinopse do livro que aparece num momento particularmente oportuno da vida nacional, onde se analisa a problemática da dívida ao longo de mais de dois milénios, bem como, as alterações que se foram verificando no conceito e no seu resgate. Livro de leitura muito acessível, mesmo para não iniciados nestas coisas da economia e da finança, tentando chegar a um público muito vasto. Um livro muito claro, numa visão muito clarificadora e desassombrada dentro daquilo que são as ideias dos autores embora, por vezes, essa visão ideológica seja afastada para dar lugar ao discurso mais técnico e rigoroso do problema. Sobre os autores muito pouco à dizer, visto serem figuras sobejamente conhecidas. Francisco Louçã nasceu em 1956, é deputado e, professor catedrático de Economia no ISEG-UTL. Publicou recentemente "Os Donos de Portugal", com outros autores (edição Afrontamento, 2009), "Portugal Agrilhoado - A Economia Cruel na Era do FMI" (edição Bertrand, 2011) e "Histories on Econometrics" (edição Duke University Press, 2011). Quanto a Mariana Mortágua nasceu em 1986, é economista, mestra em Economia pelo ISCTE, com uma dissertação sobre "O Papel da CGD na Recente Crise Económica (2007-11)". Um livro recomendável e recomendado pela actualidade e clareza na abordagem duma problemática que, para muitos, puderá ser um tanto ou quanto hermética. A edição é da Bertrand Editora na sua colecção Ensaios e Documentos.
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