Turma Formadores Certform 66

Tuesday, January 22, 2013

Conversas comigo mesmo - CXXV

Hoje cumprem-se 23 anos sobre a morte de minha avó Margarida. A minha avó materna foi uma pessoa sempre presente na minha vida. Ela e o seu marido, - o meu avô José -, foram as pessoas com quem eu cresci, com quem eu fui educado. Eles me transmitiram os valores duma vida, hoje quase fora de moda, mas para a geração deles eram a coisa mais importante. Valores como o respeito pelos outros, valores como o respeito pelo mundo que nos cerca, assuma ele a forma que assumir, valores do trabalho, do estudo, da cultura. A minha avó tal como o meu avô eram gente simples, de cultura básica, mas com uma visão de futuro muito aguçada. Eles já tinham surpreendido alguns quando colocaram o seu filho a estudar numa altura em que as pessoas nem o básico faziam por completo. Depois comigo, assumiram a mesma postura. Recordo neste dia, com que carinho e até algum sacrifício ela me ia levar à escola. Participava da minha educação conforme podia e sabia, mas estava sempre presente. Cresci com ela, era a minha sombra tutelar. Com ela tinha os meus desabafos, dela recebia os incentivos para ir em frente quando as situações me faziam esmorecer. Hoje tenho para ti avó, um forte pensamento. Sei que estás aqui, como sempre estiveste presente na minha vida, com a mesma força e determinação que sempre vi em ti. Passados todos estes anos, ainda me recordo dos teus últimos dias. Tinhas tido uma indisposição - não se podia chamar doença porque nunca estiveste doente para além dumas gripes ou constipações! -, mas foi o alarme para todos. Deixaste de comer como habitualmente, e neste dia à 23 anos atrás, tomaste um bom pequeno-almoço e um bom almoço. Quando todos pensavam que estavas a recuperar, partiste. Soube da notícia a meio da tarde quando estava a trabalhar e a confusão de sentimentos que tive foi avassaladora. Tinha perdido o meu alter ego. Tinha perdido a minha referência. Tinha perdido aquilo que de melhor a minha vida me tinha dado. A minha vida nunca mais foi igual. Faltavas tu! Hoje celebro esse dia, já longínquo no tempo, mas tão próximo na memória. E o simples facto de estar aqui a recordar-te, - e a fazê-lo publicamente -, é disso testemunho. A minha memória está hoje (sempre) contigo. Curvo-me à grande mulher que foste, à grande mãe, mas sobretudo, à grande avó. De ti recebi sempre carinho e compreensão. Força quando ela me faltava. Alento quando este me abandonava. Hoje venero a tua memória. A memória duma das mais emblemáticas ausentes que povoam a minha já vasta galeria. Hoje tenho este pensamento forte focado em ti. Lá onde estiveres que estejas em paz pelo que foste, pelo que fizeste, que disso dou testemunho. Descança em paz, avó!

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