Equivocos da democracia portuguesa - 252
Depois de ouvirmos Passos Coelho e Paulo Portas ficamos com
a firme convicção de que este governo já não existe. Há quem diga que temos
agora dois pequenos governos. Achamos que não. Simplesmente este governo é um
cadáver adiado que se espraia por medidas avulsas em que já ninguém acredita,
nem sequer os parceiros de coligação. E quando ouvimos o primeiro-ministro dizer que com ele "não haverá mais pântano", a realidade acabou por desmenti-lo, como vem acontecendo desde há dois anos a esta parte, porque se não é um "pântano" aquilo a que assistimos, afinal o que é? Passados dois anos, depois do
empobrecimento do país e dos portugueses, da destruição de algumas das suas
conquistas que Abril nos trouxe, depois de muito do património vendido a preço
de saldo, sem pudor e sem critério, apenas com o intuito economicista por base
de negociação, este executivo tornou este país num molho cada vez mais denso de
problemas, onde o desemprego campeia, onde a classe média praticamente já não
existe, onde os jovens emigram por já não terem esperança. Quando se pensava
que a economia iria crescer ninguém viu nada, onde o défice ia diminuir não
demos por isso, antes pelo contrário, que a dívida iria começar a inverter,
mais uma vez nada se verificou, que os impostos iam diminuir, uma falsidade, que
o desemprego iria travar, desenganem-se os que tal esperavam. Aliás, o governo
tem sido um dos maiores desempregadores (!) em Portugal, e se dúvidas ainda
existissem, bastava ouvir aquilo que o primeiro-ministro disse sobre a
possibilidade de saída de trinta mil funcionários públicos! Afinal que política
é esta que desemprega para pagar mais subsídios, para aniquilar mais as
populações? Que política é esta que não poupa sequer os reformados e
pensionistas, elo mais franco da cadeia, porque já nem força têm, nem mercado,
para esboçar uma possível reação. A quem serve afinal o governo, o seu país ou
interesses ultramontanos que não foram devidamente explicados, talvez porque
tal não seria de todo conveniente. Quando na nossa História se falava dos
regime dos Filipes que governaram Portugal, sabia-se que o interesse era
empobrecer Portugal e enriquecer a Espanha. Mas agora, que temos um governo que
se comporta como esse, que interesses defende. Que Portugal está a empobrecer
penso que já é claro para todos. Mas a quem serve esse empobrecimento, para
onde estão a ser transferidos esses fluxos que faltam à nossa economia, em nome
de quem e para quem se está a governar? Questões incómodas que cada vez mais se
vão perfilando no nosso pensamento, e que incomodam porque no fundo é do nosso
futuro coletivo que se está a falar.
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