1º de Maio de miséria
Celebra-se hoje mais um 1º de Maio. Desta feita sem grandes alegrias, mas com motivações acrescidas pela desordem que por aí vai, com os contratos de trabalho literalmente rasgados, com os salários em atraso em cada vez maior número, com os despedimentos coletivos por dá cá aquela palha, pelo desemprego que teima em subir dia após dia, sem que se veja uma possibilidade de inversão desta miserável tendência. Da celebração do 1º de Maio, antes de 74 com a polícia atrás de quem se queria manifestar, com a polícia política a fazer desaparecer nos seus calabouços todos aqueles que queriam dizer "não", chegou-se ao 1º de Maio de 74 com a liberdade ainda fresca, com os cravos a florir pelas ruas, com uma unidade que jamais seria vista nos anos que se seguiram. Mesmo assim, o povo saía à rua para o celebrar em festa. 39 anos depois do primeiro 1º de Maio em liberdade há razões de sobra para que as pessoas saiam à rua. Desde logo para dizer não a esta política que nos esmaga sem nos propôr qualquer futuro, depois pelo emprego que é cada vez mais precário quando existe, com o empobrecimento a percorrer a vida de cada vez mais pessoas. Chegou o tempo de dizer "basta"! Mas para isso, será necessário que o povo saia à rua em massa para mostrar que já se chegou ao limite da paciência, para mostrar solidariedade com todos aqueles que já perderam quase tudo neste emaranhado de políticas que nos desgraçam desde à dois anos. Políticas sem rumo, sem sensibilidade, apenas e só para que a folha de excel bata certo. De tudo isto que resta ao país? A miséria, a fome. A fome de quem não tem nada ou muito pouco na mesa, das crianças que vão para a escola sem terem tido qualquer refeição, dos doentes que não têm dinheiro para as taxas moderadoras na saúde, dos velhos que se vêm espoliados das suas reformas e pensões, para a qual trabalharam toda uma vida, que vão sendo cada vez mais curtas para fazer face às despesas. Num país que já perdeu a esperança, num país que perde os seus jovens que retomaram os caminhos da emigração, que resta? Apenas um grupo de "iluminados" que despreza o povo, vende a pataco o país, de cima duma discutível "sapiência", sentados nas cadeiras do poder. Por todos estes motivos é preciso mostrar o desagrado, é preciso mostrar que, como dizia o poeta, "há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não"!
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