Turma Formadores Certform 66

Monday, April 22, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 249

O mundo está cheio de contradições. No fórum do Eurogrupo que decorre em Washington, o seu presidente Jeroen Dijsselbloem afirmou que "Portugal pode vir a ter mais tempo face ao reconhecimento dos esforços que o país tem feito para o seu reajustamento e dadas as dificuldades que está a atravessar". Daí que, inicialmente, a meta do défice de 2012 era de 4,5% e passou a 5%, e a deste ano, de 3%, passou a 4,5%. Agora, após a sétima avaliação pela troika, ainda por concluir, o novo objetivo do défice para este ano é de 5,5%, o de 2014 é de 4% e só em 2015 é que o défice deverá cair abaixo dos 3%, ficando nos 2,5% do PIB. Tudo isto soa a música de pior qualidade. O que verdadeiramente está em causa é que para Europa, Portugal não pode falhar. Não está em causa a tese do ser bom ou mau aluno, mas sim, porque dado o fiasco das políticas de ajustamento nos países intervencionados estarem a dar os piores resultados, não querem que o nosso país entre na mesma rota, como aconteceu com a Grécia e mais recentemente com Chipre. As políticas que nos têm sido impostas, como aos restantes países em dificuldade, tem levado a uma depauperização das nações e ao empobrecimento dos povos colocando-os no limiar de pobreza. Daí que seja irónico que num dos enormes "outdoors" à boa maneira americana se pudesse ler "End poverty"! Esta é, seguramente, uma ironia trágica que diz bem do pensamento ultraliberal que domina estas instituições e da sua indiferença face às pessoas e ao mundo envolvente, como se todos comecem caviar ao pequeno-almoço! E como por cá, temos um governo da mesma matriz, insensível e indiferente às pessoas, não importa o ajustamento que se tenha que fazer, apenas que se faça, e cada um se salve como puder. Daí que, as políticas têm vindo a falhar uma após outra, - porque nada se pode fazer contra um povo -, e os resultados que daí derivam são cada vez mais caóticos. Hoje já poucos duvidam da necessidade dum novo resgate, - até somos dos que pensam que ele já está a ser negociado em segredo -, mas se tal se vier a verificar não deverá haver nenhum consenso em torno dele. A haver um novo resgate, - e nós achamos que não lhe escaparemos -, tal só se deverá verificar através dum governo saído de novas eleições com uma estratégia de abordagem bem diferente daquela que temos tido até agora com os resultados que todos conhecemos. Não basta falarmos em inevitabilidades porque em política tudo tem solução desde que não estejamos agarrados a uma matriz ideológica da qual não queremos abdicar.

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