Equivocos da democracia portuguesa - 262
Hoje é dia de greve geral! Mais uma, a quarta desde que o atual governo entrou em funções. A segunda em que as duas centrais sindicais - CGTP e UGT - convergem em uníssono. Sabemos que mais uma greve geral não vai resolver os problemas do país, antes pelo contrário, mas também percebemos que os portugueses estão fartos desta política e dos inúmeros sacrifícios que ela tem acarretado. Sabemos que a greve geral não vai derrubar o governo por duas ordens de razões contraditórias entre si: a primeira, é que o CDS/PP não quer ficar com o ónus da queda do governo - e, em boa verdade, só o CDS/PP o pode derrubar neste momento - porque é um partido que quer estar no governo, se sente bem nele, e para isso, está disposto a coligar-se com quem quer que seja, desde que sirva para se perpetuar no poder; a segunda razão, é que o PS - que será a alternativa política no futuro próximo - não está interessado em assumir o poder neste momento. E porquê? Porque simplesmente não poderia fugir a reformas que são inveitáveis no Estado, sejam elas impostas ou não pela "troika", mas que o evoluir dos tempos a isso conduzirão. Casos como os da função pública, caso como o dos professores (que lutam encarniçadamente pelos seus interesses corporativos mais que quaisquer outros), casos da reforma fiscal ou do Serviço Nacional de Saúde, que são inevitáveis, - ou porque já se chegou ao ponto de não retorno, ou porque são necessárias - trariam o descontetamento logo no dealbar do novo executivo. Assim, existe esta paz podre de deixar o governo arder em lume brando porque não estão reunidas as condições para a mudança e até porque rende sempre algum dividendo político fruto do descontentamento existente. Por tudo isto, a greve geral não irá servir para nada, apenas para canalizar alguma tensão que a sociedade portuguesa tem em si, o que já é importante. No fim, governo e sindicatos disputarão os níveis de adesão, degladir-se-ão com as estatísticas duns e doutros, mas o resultado é que tudo continuará igual, e o amanhã será como hoje, ou pior, porque este governo se encarregará de o fazer porque ainda falta algum tempo para as eleições. Mas enfim, apesar de tudo, não deixam de existir motivos para que esta greve geral se justifique.
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