Equivocos da democracia portuguesa - 296
A política em Portugal está a tornar-se num imenso pantanal. Talvez nunca tenha sido diferente, sobretudo quando olhamos para as figuras de Bordalo Pinheiro ou quando lê-mos Eça de Queiroz ou Ramalho Ortigão. Parece que aqui também estamos perante mais um fatalismo lusitano. Isto a propósito de ontem termos conhecido a coligação para a câmara de Loures entre a CDU e o... PSD! Não é erro não. É assim mesmo. E ainda se torna mais curioso quando o líder comunista eleito foi, nada mais nada menos, do que o seu ex-líder parlamentar, Bernardino Soares! Depois da surpresa e de algum sorriso irónico, Bernardino Soares veio logo dizer que tudo isto tinha razão de ser "apenas para tornar a câmara governável". Mas não existiriam outras soluções? Porque foi logo Bernardino Soares escolher o partido de que tão mal falou? Afinal que seriedade é que tem este senhor que acusa tudo e todos de se aliarem à "direita e ao capital" - um dos muitos clichés que os comunistas tanto gostam de usar - e agora dá este sinal público? Será que este senhor perdeu a vergonha (se é que a tem) ou, pelo contrário, acha que todos somos parvos e que ele e os outros como ele - políticos em geral - são capazes de iludir estes ignorantes cidadãos, desprezíveis, que só se tornam úteis quando há eleições? Era esta a "Mudança para Loures" que ele defendia e que foi o lema da sua campanha? Não deixa de ser estranho que estes paladinos da defesa do povo (!) tomem estas atitudes. Afinal depois de se terem aliado à direita, - mesmo aquela mais à direita parlamentar -, para derrubar o governo anterior - aquando do PEC IV se bem se lembram - e nos mergulhar nesta situação de protetorado - mais um chavão político agora doutro quadrante - em que vivemos? Como foi possível que o aguerrido ex-líder parlamentar comunista, tenha feito um acordo com um dos partidos que sobrescreveram o "pacto de agressão"? De facto, a política portuguesa está mergulhada num lodaçal onde um grupo de "iluminados" chafurdam comendo todos da mesma pocilga. Que legitimidade tem agora a CDU (leia-se PCP camuflado) para, no parlamento, se insurgir contra a direita da austeridade, a direita que faz parte do "pacto de agressão"? Será que esta gente não percebe o quanto se está a descredibilizar e a descredibilizar a política, já tão arrastada pelas ruas da amargura? Será que foi um equívocos de Bernardino Soares? Sé não o foi, será que ainda há vergonha na cara deste senhor? Afinal que legitimidade têm estes grupos - a que chamamos partidos - para dirigir os nossos destinos e os destinos de Portugal? Afinal a quem estamos entregues? Afinal a quem entregamos o futuro dos nossos filhos e netos? Afinal que redenção ainda existe para Portugal depois disto? É que não basta andar de camisa desapertada sem gravata para se dizer que é um "defensor do povo"!...
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