A balbúrdia do BES
Todos temos assistido ao impensável à uns tempos atrás. A luta pelo poder é terrível e não pode ser ocultada, vindo a cair na praça público, algo que é improvável para banqueiros sempre tão ciosos dos seus segredos. Contudo, este problema radica bem mais lá atrás. Há algum tempo que se vem falando que a banca está com problemas - alguns inclusive recorreram à ajuda da "troika" - e que, em especial, o Banco Espírito Santo (BES) estava a caminhar para uma situação insustentável. Fala-se até em falência técnica. Ao que se veio a saber posteriormente, Ricardo Salgado o presidente nessa altura, teria tentado pedir ajuda junto do Governo obtendo apenas um rotundo não do primeiro-ministro e da ministra das finanças. Este não seria o único não que Ricardo Salgado receberia. Posteriormente, ter-se-ia deslocado a Angola para tentar pedir ajuda a investidores angolanos recebendo de novo outra recusa. Os mercados sempre atentos a tudo o que mexe no mundo da finança, começaram a dar sinais de nervosismo e as ações do BES começaram a cair. Entretanto também se falou em irregularidades em várias outras empresas ligadas ao Grupo BES e daí a começarem as investigações a algumas dessas empresas foi um ápice. Os mercados começaram a olhar com cada vez maior desconfiança e a queda em bolsa foi-se acentuando. Parece que esta situação terá acelerado a saída de Ricardo Salgado da presidência, pressionado pelos acionistas e inclusive por familiares (como foi o caso do primo José Maria Ricciardi presidente do BESI) que também detêm posições importantes no banco. Com a pressão a crescer, com aos valores em bolsa a desvalorizarem substancialmente com perdas que nunca se tinham visto, começou-se a falar que afinal algumas empresas ligadas ao Grupo BES estariam sobrevalorizadas (fala-se em dez vezes) em bolsa relativamente ao seu valor real. De toda esta confusão, apenas o lado visível foi a administração ser ocupada por elementos exteriores à família Espírito Santo ao que parece com a mão do Banco de Portugal que terá imposto esta solução. A procissão parece que ainda vai no adro, daí o estranhar-se que na sexta-feira passada a ministra das finanças em Comissão Parlamentar tenha dado a entender que não sabia mais e que até nem teria que saber. Parece que estamos perante mais um discurso político para ser digerido por vários quadrantes porque se não for assim é caso para todos ficarmos muito preocupados. O que pode ser grave em toda esta estória cuja dimensão ainda não é totalmente percetível é que poderemos estar face a algo de muito grave dentro do sistema financeiro, uma espécie de nuvem negra que não se sabe o que transporta dentro dela. Esperemos que não estejamos a rever um novo caso de ajuda à banca com dinheiros públicos como foi o caso do BPN e do BPP. As situações podem ser diferentes mas também é consensual que o terceiro maior banco português estando em dificuldades não será abandonado às feras. E aqui é que reside o problema e a preocupação. Vamos aguardando para ver o que o futuro nos reserva.
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