No aniversário de Mahler uma recordação de juventude
Gustav Mahler nasceu em Kalischt na Boémia, que na altura pertencia ao império austro-húngaro e atualmente é território da República Checa, no dia 7 de Julho de 1860 e viria a falecer em Viena a 18 de Maio de 1911. Mahler foi um grande maestro e compositor de origem judaica-austríaca. Atualmente, Mahler costuma ser visto como um dos maiores compositores, lembrado por ligar a música do século XIX com o chamado período moderno, e pelas suas grandes sinfonias e ciclo de canções sinfónicas, como, por exemplo, Das Lieb von der Erde (A Canção da Terra). É considerado também um exímio orquestrador, por usar combinações de instrumentos e timbres que pudessem expressar as suas intenções de forma extremamente criativa, original e profunda. As suas obras (principalmente as sinfonias) são geralmente extensas e com orquestração variada e numerosa. Mahler procura romper os limites da tonalidade, posto que em muitas de suas obras há longos trechos que parecem não estar em tom algum. Outra característica marcante das obras de Mahler é um certo caráter sombrio, algumas vezes ligado ao funesto. Descobri a música de Gustav Mahler à muitos anos atrás pela mão do proprietário da discoteca - loja de discos - Melody (entretanto já desaparecida) que se situava no início da Rua de S. António, hoje 31 de Janeiro. Ia comprar um disco (de vynil à época), provavelmente do artista da moda nessa altura, quando esse senhor que me conhecia bem, me teu na mão a 8ª sinfonia de Mahler e me pediu que a ouvisse. Ele sabia que eu gostava de música clássica. Desci à cave onde nessa altura existiam umas cabines para escutar trechos dos discos e lá uma das suas empregadas começou com início da sinfonia, uma abertura pungente com órgão a sublinhar que me impressionou. A seguir foi o desfiar de mais um trecho ou outro mas a primeira impressão tinha ficado e foi avassaladora. Não comprei o disco da moda mas trouxe este. Era um duplo disco de vynil. Cheguei a casa e comecei a audição. Se já tinha ficado impressionado com o que tinha ouvido, depois foi o deleite. Pela noite fora, só com os sons a rasgar a noite. Emocionei-me. Era algo que nunca tinha ouvido antes. Caminhei para o fim, e se o princípio era pungente o final era poderoso, avassalador, sem deixar margem para dúvidas. Estava de facto perante algo monumental. (Podem escutar o trecho final aqui https://www.youtube.com/watch?v=y5aRbgr0m9U ). Muitas vezes escutei esta obra que era apresentada numa capa pouco apelativa - nessa época as capas dos discos eram autênticas obras de arte - mas o conteúdo era o que mais interessava. Depois veio o CD e, já dispondo de dinheiros próprios, comecei por transformar este disco em CD e depois foi toda a obra sinfónica de Mahler. E quanto mais ouvia mais me surpreendia, mais gostava. Passou a fazer parte dos meus eleitos. A ser o chamado "disco de cabeceira". Ficou e continua. A grande música é eterna e a de Mahler mais do que qualquer outra. Feliz aniversário, Gustav Mahler!
0 Comments:
Post a Comment
<< Home