Turma Formadores Certform 66

Tuesday, July 01, 2014

Rebate de consciência ou talvez não

Assistimos na semana passada ao inimaginável. O FMI vem dizer que teria sido melhor que alguns países tivessem reestruturado a dívida! Bem sabemos que esta afirmação provém dum gabinete de técnicos muito conceituados dessa instituição. E que depois deste discurso teórico voltaremos a ouvir a última palavra de Christine Lagarde que politicamente irá afirmar o seu contrário. Mas o simples facto de haver alguém nessa instituição a reconhecer o fracasso da política de austeridade é algo de surpreendente. Quem nos segue neste espaço porventura já se cruzou com muito do que foi escrito a defender a reestruturação da dívida. Porque ela facilitaria o ajustamento num período mais longo, beneficiando os credores que poderiam ver os seus créditos ressarcidos sem que as economias fossem asfixiadas. E se estes senhores dizem que a Grécia deveria ter seguido esta política logo no início, assim como Portugal e a Irlanda, quem seremos nós para os desmentir, quando afinal já há muito que dizíamos que esse seria o caminho a trilhar. Mas chegados a este ponto pensamos que se devem colocar algumas questões, desde logo, a de saber porque afinal não foi seguida essa via? Com certeza que estes economistas já teriam esta perspetiva sedimentada antes e não foi só agora, à posterior, que viram isso. A ser assim, uma outra questão se levanta, a de saber porque é que politicamente o FMI institucional sempre defendeu o seu contrário? Não queremos aqui admitir que estavam adormecidos e só agora acordaram. Não queremos acreditar que só depois de ver os impactos negativos nas economias, com a destruição quer da classe média, mas também, do tecido social é que fazem estas afirmações. Pensamos em algo mais inverosímil e perturbador. Será que esta atitude que o FMI tomou até agora foi apenas um erro técnico ou, por outro lado, se inseria numa estratégia ideológica de nivelamento por baixo, com a destruição dos estados sociais, muito dentro duma linha política que tem campeado pelo mundo ocidental nos últimos anos e que tem vindo a destruir os maiores valores que a Europa conquistou no pós-guerra? Seja lá como for, a dúvida ficará sempre nos espíritos de todos os que se preocupam com estas questões. Agora a reestruturação não é já mais uma ideia bizarra dum grupo de esquerdistas. Agora passou a fazer parte do léxico do próprio FMI. E restará sempre a perturbante pergunta, afinal porque foi diferente, afinal porque foi assim?

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