Turma Formadores Certform 66

Tuesday, August 05, 2014

"Novo Banco" - E agora?

Agora que já temos um "Banco Novo" que se pode esperar? Esta é uma das muitas interrogações que os portugueses colocam. Mas voltemos um pouco atrás para atualizarmos a informação disponível. Depois de criado o chamado "bad bank" (banco mau) onde se concentram todos os produtos tóxicos ou no mínimo duvidosos onde, por exemplo, está o BESA (Banco Espírito Santo Angola) que tinha uma garantia de apoio do governo angolano, que ontem mesmo se apressou a revogar a mesma, num processo insólito de que não há memória, o que vem provar que o regime angolano continua a apoiar as maiores tropelias sempre na senda do lucro fácil, bem ao estilo do corrupto regime desse país. Mas lá também estão as responsabilidades dos acionistas - pequeno ou grandes - que praticamente irão perder tudo e os depósitos da família Espírito Santo. (Aqui coloca-se uma questão que tem sido polémica que é a de saber se os pequenos acionistas deveriam ser penalizados quando afinal apenas quiseram fazer aplicações do seu dinheiro com um BdP a dizer que tudo estava bem!) Mas também as previsíveis ações penais e contraordenacionais que são esperadas - sobretudo dos pequenos investidores - são concentradas neste "banco mau", juntamente com as obrigações. Tudo o resto, depositantes, clientes, financiamento à economia, vão para o "banco bom" ("bridge" - ponte). A designação de "bridge" para este banco dá a sensação duma "ponte" que se pretende criar até à possível venda do mesmo - até ao final de 2014 segundo o governo - se aparecerem compradores. E estes parecem estar a surgir no horizonte, - desde logo os chineses -, quanto mais não seja, porque adquirirão um banco limpo de todo o "lixo" e com um prestígio renovado, pelo menos é o que se espera. Neste "banco bom" estarão concentrados também os seguros, como é o caso da seguradora Fidelidade. Esta solução tipo "bail in" - vindo de dentro do sistema a resolução do problema - foi a escolhida, face a uma alternativa de "bail out" que foi a preferida da UE num passado recente. Contudo, esta solução, bem como, a divisão entre o "mau" e o "bom" tem levado muitos investidores a fecharem as suas posições e a retirarem-se da bolsa portuguesa, mostrando o seu desinteresse face à tomada da dívida portuguesa. Alguns deles, não são presença efetiva na economia portuguesa, por isso, essa retirada não terá grandes consequências, mas existem outros, que estão a seguir o mesmo caminho, e cujo peso na nossa economia é evidente e, esses sim, poderão e virão, seguramente, a ter o seu impacto. De tudo isto, fica a advertência de Juncker ontem: "Isto mostra a fragilidade da economia, coisa que não se verifica na Grécia, mas que existe em Portugal, e mostra quão vigilante a Europa tem que estar". Uma advertência forte que mostra bem a situação frágil em que Portugal se encontra, contrariando algumas afirmações que a governação pretende veicular. Quanto aos ecos sobre o BdP ainda não pararam de se fazer ouvir. Porque há quem não perdoe ao banco nacional as afirmações que fez na semana anterior à queda do BES. Induzindo em erro os agentes económicos que nele acreditaram. E sobre isto, convém lembrar as palavras ontem proferidas pelo prof. Braga de Macedo, ex-ministro das finanças e figura próxima do atual executivo. "A regulação foi o maior problema da crise mundial de 2008" afirmou Braga de Macedo ontem na SIC Notícias. O que vem demonstrar que as afirmações dos atuais governantes e seus apaniguados não passaram duma torpe mentira, quando tentaram isolar o antigo governador do BdP a quando do BPN. Braga de Macedo acabou por ilustrar o sistema piramidal de Madoff que foi o mesmo utilizado pelo Espírito Santo. O quem vem provar que este governador estaria na posse de mais informação do que o anterior, visto já existirem casos semelhantes anteriores que deveriam ter servido de alerta. Seja como for, o que mais interessa a todos nós é saber se dinheiros públicos serão utilizados na recuperação de mais um banco ou não? A ministra das finanças faz ato de contrição sobre o tema, o mesmo o primeiro-ministro - embora a palavra destas pessoas ande um pouco desvalorizada no mercado - mas também o governador do BdP o afirma - e quanto a este já estamos conversados. Assim, o que temos é mesmo que esperar para ver o que daqui virá, e aguardar pelo próximo OE 2015 para percebermos se existirão nele impactos deste caso.

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