Turma Formadores Certform 66

Saturday, May 09, 2015

Que ensino temos? Que ensino queremos?

Confesso que não tenho opinião formada sobre as provas que o Ministério da Educação está a impor aos professores. Talvez por isso possa até vir a cometer alguma injustiça naquilo que aqui pretendo dizer sobre o assunto. Mas, para além de esta ser justa ou não, ela veio por a nú algo que todos temos a consciência que existe, embora não tivéssemos dados para a aferir, que é a falta de preparação, alguma fragilidade, até uma certa forma de ignorância, que muitos professores e não só, assumem quando saem das universidades. Sei-o por experiência própria, porque na minha atividade profissional já dei muitos estágios profissionais na área de economia e finanças e, por mais do que uma vez, me deparei com jovens licenciados, até com médias elevadas, que não eram capazes de redigir uma simples carta. Mas não só. Por vezes, pedem-me algum apoio para os estudos de jovens estudantes. O ano passado deparei-me com uma situação dum jovem que, apesar de frequentar o 10º ano de escolaridade de Inglês, não sabia contar a até dez, nem sequer, uma coisa tão prosaica, como as estações do ano. Obviamente que, se o estudante, - seja ele quem for -, tem aqui alguma responsabilidade, também é certo que o ensino que temos é deveras caótico que permite estas situações. Daí que, quando ouço que existe um número elevado de professores a chumbar na prova de aferição - não sei se este é o nome correto -, não posso deixar de pensar nestes casos e dizer que tal é o reflexo de como vai o ensino em Portugal. Com certeza que existem exceções, mas estas só servem para confirmar a regra. Aqui há dias discutia com um professor esta questão e dei-lhe como exemplo o modo como falam e escrevem os atuais alunos, alguns até com formação superior. E dizia-lhe que aferia, (numa primeira abordagem), o nível de intrução, - que não o cultural que seria ainda pior -, dessas pessoas com a utilização, por vezes indevida, do verbo "meter". Nunca soube a razão porque gente pouco instruída utiliza este verbo a esmo nas situações mais estranhas, como por exemplo, "meter a mesa" com o sentido de pôr a mesa, colocar a toalha, talheres, etc., ou ainda, "meter no papel", com o sentido de escrever no papel. Mas se a baixa escolaridade de alguns pode justificar a "gaffe", já tal me parece inadequado quando estamos perante gente com formação mais elevada, até superior. Dizia-me esse professor, - gente da velha guarda formada doutro modo -, que era verdade isso, e que os professores não corrigiam os alunos, (pelos menos alguns deles), porque, ou também assim falavam, ou porque não estavam para se "chatear" com a questão. Este é bem o exemplo de como se ensina Português nos nossos dias. Sei que o nível de leitura é muito baixo entre nós, sei que os jovens não lêem, mas isso por si só, não pode justificar tudo. Repito que não quero sem injusto com os professores, e penso que a maioria até se esforçará para desempenhar bem o seu papel. Mas que existe também muita ligeireza penso que ninguém tem dúvidas. Como disse logo no início, não pretendo aqui justificar a famosa prova que tão contestada tem sido, nem dar laudas ao Ministério da Educação para o qual não estou mandatado. Mas que urge repensar muito da nossa educação, julgo que estaremos todos de acordo. Porque se se deve buscar em tudo o nível de excelência, quando se fala da educação, julgo que até se deve ser mais exigente. Porque é do futuro que falamos. Do futuro das novas gerações que onde conduzir este país e que têm que estar bem preparadas para esse desafio.

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