Turma Formadores Certform 66

Monday, December 09, 2019

Viagem no tempo ou memórias de infância

Ontem vi uma foto num grupo sobre o Porto a que pertenço e que aqui reproduzo com a devia vénia à sua autora Gina Cunha. Esta foto não me deixou indiferente. E as memórias saltaram de imediato. A foto era a do antigo Bazar dos Três Vinténs sediado na Rua de Cedofeita no Porto. (Que nessa época natalícia até tinha polícia à porta e um enorme Pai Natal que toca um sino e abanava a cabeça. E que grande que ele me parecia face à minha pequenez de criança). Recordo-me desde muito menino de ir a esse bazar comprar os enfeites para a árvore de Natal. Enfeites de vidro como era apanágio nessa época, muito frágeis, mas bonitos, com aquele brilho que encanta qualquer criança. E eu criança ainda ficava deslumbrado. Era também aí que me compravam os brinquedos. Primeiro de madeira e chapa, mais tarde de plástico, num cortejo infindável de mistério e encanto, - como era o Natal nessa época -, bem longe do Natal dos nossos dias, onde apenas a mesa farta é que importa. E como as crianças têm tudo em qualquer época do ano, o Natal perdeu também esse encanto que era para as crianças do meu tempo, onde só nesta quadra se recebiam brinquedos. Mais tarde, já um pouco mais crescido, ainda me lembro de ir com a minha família ver os enfeites para a árvore natalícia e, quando era chegada a hora dos brinquedos, eu disfarçar para não ver o que era. Afinal, e mesmo sabendo onde eles eram comprados, a magia do Natal continuava, quando chegava a altura de simular o Menino Jesus a trazer os brinquedos, num ritual encenado pelo meu avô materno e padrinho. Sim, nessa época era o Menino Jesus que trazia os presentes, o Pai Natal embora presente nas celebrações, era remetido para outras atividades. Enfim, coisas de criança feliz, como eu fui, num ritual que se perpetuou por muitos anos. E tudo isso me veio à memória depois de ver esta foto. E como me lembrava de ir com a minha família à noite ver as decorações de Natal que iluminavam as ruas trazendo aquele ar de festividade que tanto me enternecia. Hoje já não existe o Bazar dos Três Vinténs. Nem sei o que lá está. Penso que é uma loja de chinês. Tudo muda com o tempo, afinal o tempo, como diz o poeta, é feito de mudança. Mas as memórias ficam porque a mudança é mais lenta. E quando são impressas por algo que muito nos marcou, ainda mais. E assim, lá fui de novo, qual viajante do tempo, mergulhar na minha infância já tão longínqua. E tudo à boleia duma simples foto.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home