E depois da pandemia?
Já muito tenho escrito sobre aquilo que se seguirá depois da pandemia. Como já por diversas vezes afirmei, estou convicto que nada será como dantes. Porque as sequelas que ficarão serão profundas e duradouras. Desde logo a economia, - que é a que mexe mais com a situação de cada um de nós -, verá um afrouxar e um recuo para próximo dos valores de algumas décadas atrás. À dias, um conhecido professor de economia francês, dizia-me que em França a recessão virá para valores muito próximos dos que se verificaram na II Guerra Mundial. Isto diz bem do impacto negativo que a pandemia está a ter na economia. Com as economias praticamente paradas, não é de esperar outra coisa. Portugal não será exceção e tempos difíceis se avizinham. Não quer dizer que entraremos num novo ciclo de austeridade, mas há muitas maneiras da economia afetar cada um de nós. (Como já escrevi noutra altura, o capitalismo emergente depois da pandemia, não será idêntico ao que tivemos até aqui. Estou convicto disso e ainda ninguém veio a terreiro dizer o contrário). A recuperação económica poderá demorar décadas e se a pandemia voltar no próximo inverno, então podem ter a certeza de que assim será. Depois as sequelas sociais que ficarão, levarão a que as relações entre as pessoas não será idêntica àquela que conhecíamos antes da pandemia. Enquanto pairar no ar o síndroma da pandemia, as pessoas terão algum receio nos seus contactos sociais. Tudo isto indiciará que muita coisa mudará e nem sempre para melhor. Mas como cada crise trás sempre associada uma oportunidade, parece que quem veio ganhar com tudo isto foi o planeta. Há dias vi uma fotos da Nasa que nos mostravam como a atmosfera do planeta melhorou e até a camada de ozono, - que tanto vem preocupando os cientistas -, vai dando sinais de recuperação. Significa que, quando o ser dito humano se acobarda dentro de suas casas, todos ganhamos, o que só mostra quão prejudicial é a espécie humana na sua demanda de poder, ganância e desrespeito pelo outro, seja o outro o seu semelhante, os animais ou a natureza que destruímos a esmo sem nos darmos conta que estamos a destruir o equilíbrio do ecossistema que proporciona a vida. Depois da pandemia muita coisa se alterará, - coisas que só com o tempo na sua comparação mostrará com clareza -, mas temos que estar preparados para as sequelas que demorarão muito tempo a curar. Esta será sempre a luta dos contrários: a crise e a oportunidade.
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