Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
Nunca a frase do poeta foi tão oportuna. Nestes tempos de pandemia, com mais ou menos confinamento, com mais ou menos distanciamento social, tudo mudou na nossa vida em sociedade e não só. Desde logo este estranho modo de nos pormos todos de máscara. Não vai assim à muito tempo, que nos riamos deste hábito dos países orientais, especialmente a China. Não tanto por uma questão sanitária dum qualquer vírus, mas pela enorme poluição. (Bem perto de Pequim, existem cidades tão poluídas que, mesmo sem nos apercebermos nos enchem de pequenas partículas escuras na roupa e o chão tende a ter uma cor próximo do negro, não fosse a China um dos maiores poluidores do planeta com as suas indústrias baseadas no carvão). Mas agora, e por motivo diverso, - curiosamente com a origem no mesmo país -, andamos todos de máscara para nos proteger dum vírus invisível que ataca em qualquer momento. Se alguém à alguns meses atrás entrasse numa loja com uma máscara, logo os funcionários estariam expectantes senão mesmo chamariam a polícia. Hoje é a polícia que vigia quem não a usa. Ironias da vida que um vírus veio colocar de pernas para o ar. Num país de afetos como o nosso, onde o cumprimento, o beijo ou o abraço são tão familiares, nessa cultura tão afetiva baseada no toque, dum momento para o outro vimo-nos afastados uns dos outros, - com mais metros ou menos metros -, onde o toque deixou de existir e onde o beijo passou a ser uma quimera. Coisas curiosas que alteram a nossa vivência cotidiana e que, quem sabe, nunca mais será a mesma como até aí. Porque o receio - mesmo o medo - se instalaram o que leva a não ser fácil voltar ao passado duma forma despreocupada. Como diria o grande Camões: 'Mudam.se os tempos, mudam-se as vontades...' E olhem que é mesmo assim.
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