"O Jardim dos Animais com Alma" - José Rodrigues dos Santos
Disse que em breve falaria deste livro. E aqui estou a fazê-lo. 'O Jardim dos Animais com Alma' é o último romance de José Rodrigues dos Santos. Acho este seu vigésimo terceiro romance muito importante. Faço-vos um desafio. Tentem ler o que lá se diz sobre os animais e abstenham-se um pouco da estória romanesca que o envolve. Este livro é uma pedrada no charco sobre aquilo que fazemos aos animais enquanto espécie que com eles partilhamos o mesmo planeta e usufruímos da mesma vida. Algumas passagens podem ser brutais, mas como disse à umas semanas atrás, é a pura realidade. Tentem visitar um matadouro, e se tiverem conseguido - e coragem para lá ir -, e mesmo assim continuardes a comer carne, deixe que vos diga que sois uns monstros. (E não me continuem a falar dos chineses, por favor!) Rodrigues dos Santos confessa que não era muito sensível à causa animal, mas depois de ter tido acesso a imensa documentação que apresenta no final da obra e depois de ter falado com muita gente do meio, confessa que mudou muito e que começou a olhar para esta causa com um olhar bem diferente. Este é um livro de rutura em torno da indústria pecuária - a que mais contribui para o aquecimento global -, dos locais de morte indigna e sofrida como são os matadouros, do elevado senso cognitivo dos animais que não os colocam atrás dos humanos, algo para que já Darwin tinha chamado a atenção. Numa escrita escorreita muito ao jeito do autor, este livro (para além do romance) é um libelo, uma interpelação a todos nós sobre o inferno em que transformamos este planeta para os animais. Um livro que perturba porque tudo o que lá se diz sobre animais está cientificamente demonstrado. Pena é que tanta bibliografia que existe sobre este tema não esteja traduzido o que limita desde logo a leitura a muita gente. Este é um livro que recomendo vivamente. Talvez uma excelente prenda para o Natal que se aproxima. Quanto ao autor é sobejamente conhecido, desde pivot da televisão até correspondente da CNN, Rodrigues dos Santos fez de tudo um pouco. É figura conhecida e por isso não necessita de apresentações. A edição é da Gradiva.
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