Turma Formadores Certform 66

Tuesday, April 12, 2022

Economia de guerra - IV

Tenho vindo a assinalar os efeitos perversos que o conflito da Rússia com a Ucrânia tem sobre a economia europeia, em especial a nossa. Agora à que alerta para um fenómeno que já à muito não se verificava na Europa e que começou a aparecer a algum tempo atrás, o efeito inflacionista. A Europa tem vindo a viver sobre uma inflação próxima do zero, -  e até negativa em alguns períodos -, mas desde algum tempo que ela tem vindo a subir na zona euro, mostrando tendência para se agravar. Portugal como país da zona euro não lhe pode fugir, mas mesmo assim, tem tido uma inflação bem mais baixa do que a média europeia. Infelizmente o conflito russo-ucraniano veio dar um impulso para que ela se torne num dos fatores mais evidentes e preocupantes na Europa. O programa do governo português, que foi discutido a semana passada, faz-lhe referência mas duma forma que poderá ter que ser melhor afinada. Isto por duas ordens de razão: primeiro porque ela tem vindo a aumentar duma forma sustentada; segundo porque ela, (contrariando o discurso governamental), não será só para este ano, isto é, um fenóemno meramente conjuntural. Tal não me parece claro e, se este ano, poderemos vir a enfrentar uma taxa de inflação na casa dos 5%, (se não mesmo mais), nada indicia que ela não se possa agravar nos anos seguintes. Se há produtos com controlo mais efetivo como é o caso dos produtos petrolíferos que se vão ajustando, os produtos básicos como o pão, o peixe, a carne, etc., aos subirem de preço dificilmente virão a baixar. Fixando-se nesse novo patamar que será mais difícil de suprir pelos agregados familiares mais débeis. Este é um fenómeno para que chamo a atenção, porque a inflação não só leva ao aumento dos preços, mas também, corrói os salários que, não sendo ajustados (e o governo já disse que não serão) levará a uma forte erosão do poder de compra que terá um impacto maior sobre os mais débeis. Se a Europa já há muito não sentia essa pressão, vai voltar a senti-la com todos os efeitos perversos nas economias dos diferentes países. Concomitantemente os juros vão aumentar e quem tiver empréstimos à banca verá agravada a sua situação. Um cocktail de efeitos que terão grandes e perniciosas repercussões nas economias e no público em geral que, afinal, somos todos nós. 

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