Quando o "mundo acabar"
Apertou o gatilho, o pombo livre e belo interrompeu o seu voar. Num parque da cidade, uma criança dobrava o riso, porque um dos pombos lhe veio comer à mão e depois voou, pelo azul infinito dos seus olhos. O empregado espantava os pombos famintos, da esplanada. Nem lhe passava pela cabeça que a fome dói a todos os seres. Um dos pombos tinha um defeito (talvez de nascença) numa pata, o que o colocava em desvantagem em relação aos outros na facilidade de poder fugir de possíveis agressões. E o rapaz espantava-os, ensaiando gestos violentos. A mulher olhava para ele. O olhar dele caiu sobre o dela procurando algum tipo de cumplicidade. O olhar dela escuro de espanto e pena. Dele e do mundo. É preciso educar, pensou. Na humanidade, na sensibilidade, no comportamento com outros animais, além de nós. Sem agredir e nem destruir. Um dia. Quando o "mundo acabar". e as pessoas perceberem que têm que reconstruir de uma forma diferente um mundo novo em que a natureza e os animais são um todo, harmonioso, estável, sustentável. Um lar. Um dia. Quando o ser humano, for acima de tudo gente. (Dedico este texto aos seres mais puros que em dor morrem ou se perdem numa terra "quase" de ninguém. Sofia Flor Rocha.)
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