Turma Formadores Certform 66

Saturday, March 30, 2024

Páscoa tempo de passagem

Estamos em plena Semana Santa, também chamada de Semana Maior, no ritual cristão. Esta é a festa mais importante do Cristianismo. Aqui se comemora o sacrifício mais brutal que a Humanidade inventou para torturar o seu semelhante até à morte. A morte de cruz era um suplício temido por todos. A morte anunciada poderia levar vários dias a chegar tendo o supliciado uma morte lenta e dolorosa. Foi uma morte destas que lembramos nesta altura. A morte dum Homem a quem não imputaram culpa, mas que teve que servir como exemplo. (Esta morte estava reservada aos acusados de sedição ou por crimes graves contra as autoridades políticas de então). Mas tal como no ciclo da vida da Natureza, é necessário que algo morra para que a vida surja com mais pujança. Veja-se o caso das plantas, a metamorfose que dá origem à borboleta, só para dar alguns exemplos. E assim, este Homem justo, mas sobretudo este Homem só - não esqueçamos que foi abandonado por todos até pelos que o seguiam - teve que sofrer esta morte atroz para que a sua Ressurreição fosse um símbolo, um símbolo duma religião que arrasta multidões. Mas neste tempo de introspeção que é este que vivemos nesta altura, lembro aqui o suplício de tantos animais, apenas para satisfazer a gula de muitos. Uma refeição não pode valer uma vida, mas é isto que se verifica neste tempo com mais acuidade, neste tempo que devia ser de serenidade, de paz, de reflexão e de amor. As grandes celebrações normalmente andam associadas a grandes sacrifícios de animais. Nunca pude entender como se pode celebrar algo de divino sobre o cadáver dum outro ser, que sofre e tem sentimentos como nós, que tem tanto direito à vida como qualquer outro ser. Coisas estranhas neste tempo de passagem onde, hipocritamente para alguns, apenas a mesa conta já que do resto nada sabem nem pretende aprender. Coisa estranha é este ser dito humano, que assume as ações dum demónio, que é isto que somos para os outros seres que nos rodeiam. Neste tempo, é mais para os animais, - também nossos irmãos -, que vai o meu pensamento e as minhas lágrimas. Eles são supliciados sem perceber a razão muitas vezes vindo de pessoas em que eles confiaram na sua curta vida. Porque será que tem sempre que ser assim? Quando tudo isto será diferente? Acredito que um dia possamos todos viver numa paz idílica, talvez seja uma fantasia que, apesar de tudo prefiro, a ter as mãos manchadas com o sangue de inocentes. Boa Páscoa!

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