Equivocos da democracia portuguesa - 32
Hoje é um dia grande para os direitos humanos e cívicos. Foi aprovado à pouco na AR o diploma que oficializa o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Portugal passa assim, a ser o oitavo país no mundo e o quinto europeu que permite estas uniões, embora ainda não se tenha ultrapassado o problema da adopção. Ribeiro e Castro (CDS-PP), pegou no tema do ano comemorativo do centenário da República para glosar a questão em discussão. Mas esqueceu-se que, à 100 anos atrás, as forças conservadoras diziam o mesmo da República emergente. E não podemos esquecer também, que Portugal, já nessa altura, foi um dos pioneiros na implantação republicana, numa Europa onde proliferavam os imperalismos e as monarquias decadentes. Carlos Mota Pinto (PSD), lá vai invocando o referendo que foi rejeitado e que tinha mais de 90.000 assinaturas. Então, meus amigos, porque é que em 2004, o mesmo PSD votou contra uma proposta de referendo apresentada pelo PS na AR, que continha mais de 120.000 assinaturas? São estes os equívocos que vimos denunciando neste espaço, aqui até camuflando uma hipocrisia que brada aos céus. Quando até o Patriarcado, - ao que se diz -, olhou para o lado, porque havemos de nos refugiar nos trocadilhos e hipocrisias inconsequentes? Para além do mais, esta não é uma questão religiosa, como muitos pretenderam fazer crer, com fins evidentes, mas mais uma questão de direitos. A religião, a Igreja, tem que estar acima destas questões, para que não tenha que voltar, - como tem acontecido nos últimos anos -, a pedir desculpa pelos erros do passado. Mas a História não se pára. Os falsos moralistas - que muitas vezes têm a moral, sabe-se lá onde -, têm que perceber que no ciclo evolucional da vida, ou apanhamos o comboio, ou ficamos, definitivamente, fora dele. Os países mais avançados da Europa já o tinham consagrado, e até Israel, reconhece os casamentos efectuados no estrangeiro(!), e convenhamos que Israel não é um país tão esquerdista assim. Mas palavras para quê, já todos percebemos os arrufos conservadores, muitas vezes mais escandalosos do que imaginamos. Lembram-se dos célebres "ballets roses" de outros tempos e num outro regime?...
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