A Cimeira de Copenhaga - O canto do cisne
Depois das justificadas expectativas criadas, a Cimeira de Copenhaga saldou-se por um rotundo fracasso. Nunca tantos líderes mundiais estiveram reunidos no mesmo local para falar sobre as alterações climáticas. Mas, para além de tudo, os ricos não quiseram abdicar da posição de ricos, face aos restantes países mais pobres. É incrível que, embora se trate da salvação do nosso planeta, a nossa casa comum, os interesses mesquinhos duns tantos se sobreponham à necessidade de muitos. Perante uma certa desilusão da posição norte-americana, - todos esperávamos mais de Barack Obama -, ainda foi devido a ele que se chegou a um certo compromisso, embora não registado, com os países mais ricos e emergentes, casos da China, Rússia, África do Sul, Brasil e Índia, para além, dos próprios EUA. Mas o que se conseguiu foi tão pouco, foi tal a desilusão, que pensamos se a Humanidade pensa realmente na sua subsistência e, sobretudo, na sua sobrevivência, ou se pensa que o planeta aguentará tudo indefinidamente, se auto-renovará, e tudo isto não passa de retórica, e de encontros mais ou menos sociais. Penso que todos nós ainda não parámos para pensar sobre tudo isto e, vamo-nos adaptando às alterações do clima como se tratasse da coisa mais natural. Não sei se ainda vamos a tempo de ter uma segunda oportunidade, agora adiada para o México em 2010, embora se torne cada vez mais urgente buscar um tratado que substitua Quioto que termina em 2012. Mas para isso, é preciso compreensão e boa vontade, é preciso que os mais ricos que são simultâneamente os mais poluentes, percebam que quando tudo estiver na vereda do caos, não há mais planeta para salvar, e o cataclismo se abaterá sobre todos e não só sobre os mais pobres. O governo português, juntamente com os restantes governos europeus, e a própria UE, não esconderam o seu desapontamento. Como diz um aforismo popular, "foi muita párra para pouca uva". Será que temos que começar a pensar seriamente numa nova "Arca de Noé"? Infelizmente a maioria da Humanidade continua a não compreender a situação para que todos caminhámos, indiferente aos alertas dos cientistas, que devem tomar por pessoas bizarras a quem não devemos dar crédito. Se não somos capazes de preservar o nosso "habitat", - já que o vamos destruíndo a cada vez mais espécies -, talvez seja bom pensar que a Humanidade já enlouqueceu, já nem tem espaço para a sua redenção. Ainda não foi desta que selamos o acordo, como dizia o "slogan" de Copenhaga. Quando se sabe que a fortuna das duas pessoas mais ricas do mundo é maior que a soma do produto interno bruto (PIB) dos 45 países mais pobres, quando sabemos que apenas 0,5% dos mares estão protegidos, quando temos conhecimento que apenas 12 % dos solos são objecto de medidas de conservação, temos, de facto, que estar muito preocupados. No dia em que a Humanidade descer ao nível da bestialidade (será que já não estamos lá?), em que os valores passarão a ser letra morta, que restará? Será que ainda teremos planeta onde viver? E será que teremos condições para nele viver? Temos que ter a consciência de que os povos reduzidos a uma pressão que os coloca quase como escravos, acabarão por tomar as decisões nas suas mãos. E quando isso acontecer, ter-se-ão rompido as matrizes civilizacionais em que as nossas sociedades assentam. Não mais existirão limites para o que quer que seja, será o campear da “lei da selva”, onde ninguém, mas mesmo ninguém, terá um lugar seguro onde descansar. Será isso o tão falado "Armagedon", o fim dos tempos de que tanto se fala? Se é, parece que a Humanidade não o quer evitar. Agora vai-se para o México, depois para outro lugar qualquer, até ao dia em que já não existir retorno, e então, a Humanidade se extinguirá com o seu planeta.
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