A crise financeira e a recessão - XXX
A semana passada, mais precisamente ontem dia 12 deste mês de Junho de 2010, comemorou-se os 25 anos de adesão de Portugal e Espanha à então CEE. Muito se tem falado da adesão, muita coisa se tem passado durante este período dentro da actual UE. Mário Soares, um dos protagonistas da nossa adesão, deu uma entrevista na qual fazia notar a falta de coragem e de iniciativa que tem vindo a minar a UE. Todos nós temos a noção de que tal vem acontecendo, não só na UE, como até, dentro do próprio parlamento nacional. Como já referimos aqui por diversas vezes, longe vão os tempos dos grandes políticos e dos grandes estadistas que conhecemos noutros tempos. A maneira como a UE reagiu ao auxílio à Grécia é disso um exemplo, já para não falar na maneira como lidou com a questão do Kosovo. A Alemanha tem assumido a liderança, embora a Sra. Merkel tenha mostrado o seu grande desconhecimento sobre os assuntos económicos, embora a liderança política, - mais caseira do que digna duma União - vai marcando a agenda. À dias, a Sra. Merkel cancelou uma reunião que tinha agendada com Sarkozy, e veio dizer que estava a preparar um programa de redução da despesa pública dentro do seu próprio país. Esta simples indicação levou a que alguns países - entre eles Portugal -, tivessem que ajustar os seus programas às novas directrizes vindas da Alemanha. Isto diz bem daquilo em que se vão tornando os países e as economias dentro da União e, desde logo, na zona euro. A crise que se vive em Portugal é condicionada por aquilo que vem de fora, nomeadamente dos EUA, mas as restrições a que todos estamos sujeitos, também não deixam de ser pautadas pelos comportamentos fora das nossas fronteiras. Com este governo ou com outro, as coisas passar-se-iam da mesma maneira - basta ver a aliança entre o Governo e a liderança do PSD - para que se dúvidas existissem, elas se dissipem de imediato. E não basta apupar o primeiro-ministro, (como aconteceu nas comemorações do 10 de Junho, que se pretendia um dia de unidade nacional, e traduzem um desrespeito pelos orgãos de soberania), porque com outro tudo seria igual, porque cada vez menos a independência dum país, da sua política económica e financeira, é pautada por comportamentos que lhe são alheios, e que cada vez mais nos escapam, acrescido pela nossa pequenez associada a ser-mos um país periférico e de economia irrelevante. Contudo, é nestes momentos que temos que ser mais corajosos e determinados. Como dizia Victor Cunha Rego, "é contra o vento que se deve levantar voo". Felipe Gonzalez outro dos protagonistas, era o PM espanhol nessa altura, também por cá passou e não deixou de mostrar a falta de agilidade da UE que se foi transformando cada vez mais numa união económica e menos numa união política. Assim, nestes 25 anos após a adesão, temos a noção que valeu a pena - apesar de tudo - ter-mo-nos associado a esta União Europeia, bem como, à zona euro. Sem isso, estamos seguros, que a nossa situação seria bem mais delicada. Como costuma dizer José Miguel Júdice, "sou um optimista preocupado", quanto a nós, parece-nos que somos cada vez menos optimistas e mais preocupados, mas temos que ter a crença de que somos capazes de superar as dificuldades - já as tivemos e graves, noutros tempos, e não caímos - e continuamos em frente. Para isso, é necessária uma grande união entre os vários representantes políticos. Sei que a crítica suez, por vezes dá votos, mas a médio e longo prazo, as populações perceberão que se tivessem assumido outras responsabilidades, as coisas seriam bem diferentes. É necessário que tenhamos a percepção de que todos estes sacrifícios vão valer a pena, independentemente dos burocratas de Bruxelas, ou de outros, que por cá existem. No fundo, como dizia Confúcio, "não importa que o gato seja branco ou preto, o importante é que seja um bom caçador de ratos".
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