Turma Formadores Certform 66

Friday, May 14, 2010

A crise financeira e a recessão - XXIV

Aqui estão as medidas mais duras que, à tempos atrás, já tinha afirmado que seriam inevitáveis. O PEC era - apesar do aplauso de Bruxelas (embora tenha, posteriormente, imposto mais rigor) - manifestamente insuficiente. O aumento de impostos era inevitável e eles aí estão. Apenas o aumento do IVA sobre todos os produtos, que me causa algum desconforto. Porque para pessoas de parcos recursos - e cada vez são mais - ver os produtos básicos como o leite, o pão, só para dar alguns exemplos, a serem atingidos, não me parece justo. Continuo a não compreender porque é que a banca em geral não é tão afectada como deveria ser. Ao fim e ao cabo, ela é responsável por muito daquilo que estamos a passar. Apesar da dureza das medidas, a banca acaba por sair beneficiada relativamente às populações em geral. Continua a ser injustificável, numa altura em que a crise a todos atinge, os bancos continuem a ter chorudos lucros de muitos milhões, e ainda por cima, não os ver devidamente agravados, porque muitos destes lucros, quase especulativos, são ajustes directos que estes impõe aos seus clientes que nada podem fazer a não ser pagar. E não deixa de ser importante, como também já tinha escrito em anterior crónica, a criação dum amplo consenso político, desde logo, com o maior partido da oposição. Passos Coelho trouxe uma nova leitura da maneira de estar em política, sendo certo que espera com isso colher alguns dividendos políticos, como é óbvio, mas apesar disso, era importante dar um sinal de que existe um largo consenso para ultrapassar a grave crise em que nos encontramos. Mas este consenso também teve o seu lado menos positivo, que foi o dos políticos darem o dito por não dito, algo que é muito comum entre nós e que em nada dignifica a política. Para aqueles que têm acusado José Sócrates de mentiroso, por vezes duma forma despudorada, atendendo àquilo que ele representa, seria bom que estivessem atentos aos vários ditos e não ditos de Passos Coelho. Isto não é bom para a política, nem credibiliza os políticos. Talvez agora, ou são coerentes e chamam-lhe também mentiroso, ou então estão de má fé. Para além disso, importa registar o consenso dos dois maiores partidos, esperemos que para bem de Portugal. O apertar - ainda mais - do cinto aí está e, estou convicto, que veio para durar.

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