A crise financeira e a recessão - XXIII
Se dúvidas houvesse elas estariam desfeitas. Apesar da ajuda - tardia - à economia grega, apesar das bolsas, no imediato, terem dado sinais de inversão de tendência, o certo é que continuamos a assistir a um desenfreado ataque ao euro por parte de especuladores sem escrúpulos. Apostando no efeito dominó da Grécia, sobre as economias portuguesa e espanhola, os ataques continuam colocando a zona euro em perigo sério. Já aqui afirmei que a hesitação de Angela Merkel foi desastrosa para a Grécia alimentando os especuladores que devem ter ganho milhões na última semana. O rigor que Merkel, juntamente com Sarkozy, querem impor aos países que não cumpram o seu Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), é um rigor num só sentido. Todos nos lembramos que, a alguns anos atrás, a Alemanha teve um déficit muito para além do permitido dentro da UE, e nessa altura, até um prazo especial foi acordado para que a Sra. Merkel não ficasse muito zangada. Esta dicotomia entre os países ricos e pobres, os grandes e os pequenos, os do norte e os do sul, não vem ajudar em nada a coesão da UE. Se pertencemos a um espaço comum, devemos ter direitos, mas devemos ter obrigações também, e desde logo, a solidariedade dum grupo de países face às dificuldades dum dos seus membros, não será a menor. Dentro da UE parece haver quem não pense assim, mas se não arrepiarem caminho, eles também sofrerão as consequências. A queda do euro seria um prenúncio da desagregação da própria UE, com todo o cortejo de males que daí adviriam. Os especuladores andam por aí, sem rosto e sem pátria, mas a visita à Europa, à dias, de Joe Biden, vice-presidente norte-americano, pode ser sintomático de muita coisa. Todos sabemos que os americanos não são favoráveis a um espaço comum como a UE, e muito menos, a uma moeda única como o euro. As empresas de "rating" - todas americanas - se têm encarregue de fazer o trabalho sujo, mas os estilhaços também têm atingido os EUA. Só para termos uma ideia, ontem a bolsa de Nova Iorque, fechou a perder 8,8% (!). É sintomático que as economias hoje estão muito interligadas, e não tão distantes como no passado, embora alguns ainda persistam em fazer crer. E o efeito de contágio, de que tanto se fala, pode facilmente atravessar o Atlântico, como ontem se viu...
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