Turma Formadores Certform 66

Tuesday, April 20, 2010

A crise financeira e a recessão - XX

Temos vindo a assistir nos últimos dias a uma desenfreada campanha com vista a criar condições para que Portugal seja o sucessor da Grécia no clube dos países com dificuldades à beira da falência. Ainda ontem, Joseph Stiglitz, antigo economista chefe do FMI vinha dizer que Portugal seria o próximo país a entrar em bancarrota, afirmando ainda que os países mais débeis deveriam sair do euro, caso contrário, esta moeda tenderia a desaparecer. Quanto à segunda afirmação de Stiglitz ela não trás nenhuma novidade, porque os próprios princípios da UE colocam essa hipótese, quanto à primeira, parece que este ex-director do FMI está a dar indicações ao sistema bancário mundial. Que leva este senhor, tal como outros, a fazerem este tipo de afirmações mais ou menos gratuitas? Parece que os países mais pequenos como a Grécia e Portugal, incomodam alguns dentro da própria UE. Dir-nos-ão que não é assim, porque os responsáveis comunitários têm rejeitado estas ideias. Mas vejam de que maneira o fazem. Sem convicção apenas, segundo parece, para respeitarem o politicamente correcto. Sabemos que países pequenos, pobres e periféricos como Portugal poderão não ter um papel tão importante assim na UE e na zona euro. Mas, quando se trata de escoar produção para fora da Europa comunitária, os nossos portos já são bem vindos, como o foram nos anos 80 quando Portugal aderiu à então CEE. Vejam o dinheiro que chegou apenas e, sobretudo, para rasgar estradas que conduziam as grandes metrópoles europeias aos portos portugueses. E não esqueçamos que Portugal tem um papel importante dentro dos países da CPLP, que representam, no seu conjunto, mercados muito apetecíveis. Mas apesar disso, é verdade que os bancos têm vindo a criar condições de dificuldades para a nossa economia, com intuitos nem sempre muito claros. Somos dos que defendemos a UE, bem como defendemos, a seu tempo, a entrada de Portugal no euro. Daí estarmos um pouco desiludidos com a falta de empenho da UE em clarificar o que de facto pensa sobre Portugal. Quanto a Stiglitz, não nos surpreende, visto ser um americano que, como todos os americanos, nunca lhes interessou uma UE forte, nem um euro a fazer frente ao todo poderoso dólar. Quanto aos europeus, as coisas são bem mais incómodas, porque se a UE não se apresentar como um espaço coeso de entreajuda dos vários países seus componentes, é meio caminho andado para a desagregação. Que aconteceria se isso viesse (vier) a acontecer? Talvez um caos maior do que aquele a que vamos assistindo. Provavelmente ninguém sairia vencedor, apenas interessando aos EUA a situação de domínio económico do mundo, a que UE tem obstado desde a sua fundação.

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