Turma Formadores Certform 66

Thursday, March 18, 2010

A crise financeira e a recessão - XVIII

Voltamos ao tema do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), peça fundamental para o futuro da economia portuguesa e, que condicionará todos nós nos próximos anos. Antes do mais é necessário dizer que a economia portuguesa voltou a contrair no último trimestre, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o que significa que Portugal está, de novo, mais próximo duma recessão. Isto só por si já é preocupante quanto baste, embora não possamos perder de vista que esta situação ainda ampliará as medidas já apresentados no PEC. (Bruxelas até o acha ambicioso de mais, embora por cá, se diga o contrário). Sabemos que estas medidas rigorosas são necessárias, embora não deixemos de pensar num certo despesismo, para não lhe chamarmos outra coisa, em que a máquina estatal é pródiga. Muitas vezes olhamos para o Estado como uma entidade mítica, onde os recursos nunca se esgotam, esquecendo que esses recursos, para além de se esgotarem, são fruto do contributo de todos os cidadãos com os seus impostos. Assim, no mínimo, teremos o direito de exigir que estes sejam utilizados de maneira o mais criteriosa possível. Ainda nos lembramos quando, ainda nos bancos da Faculdade de Economia do Porto, - já lá vão muitos anos -, se ensinar que no sector público existiam algumas empresas de preços exógenos. E para explicar o seu significado, dava-se o exemplo da EDP, que quando não conseguia obter os lucros pretendidos, apenas tinha que aumentar as tarifas, que todos nós pagaríamos, porque não teríamos outra alternativa, a menos que passa-se-mos a viver à luz da vela, como no tempo dos nossos avós. Embora muitos anos passados sobre estas ideias, parece que ainda elas continuam a existir na cabeça de muita gente, pessoas com poder de decisão, que acham que os ajustes do sector público serão sempre fáceis de fazer utilizando os mecanismos dos impostos e tarifas. O PEC é, de certo modo, um repositório de tudo isto. Achamos que tais medidas são necessárias, embora questionemos o que nos levou até aqui. E não pensem que é só fruto deste governo. Esta situação já se vem arrastando desde os anos 80, embora camuflada com a adesão de Portugal à então CEE, que nos afogou em dinheiro que todos os dias entrava às pasadas em Portugal, dado a sensação duma riqueza que, de facto, não existia. Contudo, o passado já lá vai, e o que temos é que nos confrontar com aquilo que nos espera. Muitos portugueses sabem que todos nós vamos ter que fazer sacrifícios, o que não sabem é a envergadura com que eles se vão apresentar entre nós. Aconselho-vos a irem ao "portal do governo" e analisarem o PEC, que lá está disponível em versão .pdf. Sabemos que algumas questões irão passar ao lado dum público não iniciado nestas matérias, mas mesmo assim, perceberão o suficiente dos sacrifícios que vamos ter que enfrentar nos próximos anos. Esperemos é que estes sacrifícios sirvam para aligeirar a carga das gerações futuras, e que estas, analisem este período e tentem aprender com os nossos erros, para não caírem na mesma situação com que nos confrontamos hoje.

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