Equivocos da democracia portuguesa - 46
Temos vindo a assistir a mais um Carnaval político muito à portuguesa. Embora o verdadeiro Carnaval já tenha passado, o corso político continua. Quase todos os partidos têm acusado o governo de não ter ainda começado a governar. Talvez seja verdade, mas quantos deles contribuíram para que isso acontecesse? Com as insinuações lançadas, com as várias comissões a tentarem desestabilizar o governo, em nome duma verdade que não se sabe bem qual é, natural é que o governo, dispersado por todos estes "fait-divers" ainda não tenha tido tempo para governar. O que nos deixa perplexos é que ao fim de tanta lama terem lançado sobre o primeiro-ministro ainda nada terem conseguido provar. E por mais pessoas que escutem - estamos a lembrar-nos dos dirigentes da PT, só para dar um exemplo - continuamos no mesmo pantanal em que querem encurralar o primeiro-ministro. E quem o tem vindo a patrocinar duma maneira despudorada é o PSD, partido com responsabilidades, que melhor faria em olhar para si próprio do que para os outros. O PEC, como é do conhecimento geral, é um documento fundamental para o futuro de Portugal, embora para espanto de todos nós, houvesse quem no último Congresso extraordinário do PSD realizado ontem, achasse que se devia alterar a sua votação por mais duas semanas. Isto mostra bem o desnorte e a irresponsabilidade do principal partido da oposição, que tarda em se reencontrar, o que é mau para a nossa democracia. Ficou bem claro neste fim-de-semana que o PSD continua a ser um saco de gatos onde ninguém se entende. Que credibilidade tem para o povo português um partido que vem à muito a tentar resolver os seus problemas internos sem o conseguir. E que líderes se apresentaram? Castanheira Barros veio apenas para fazer número, Aguiar-Branco andou perdido como se fosse actor dum outro filme, Paulo Rangel, sempre populista, lá foi arrebatando a audiência mas que ideias trouxe? Muitos no fim diziam que não lhe viram nenhuma... Quanto a Passos Coelho, mais parecia que estava no "perdoa-me", facto muito relatado pelos "média" que diziam que este seria o Congresso do "perdoa-me". Será que Portugal está condenado a ter um primeiro-ministro assim? Portugal não merecerá melhor? Como ontem se lia no Expresso on-line, o Congresso do PSD teve a visita inesperada de Estaline. Santana Lopes, que se fartou de lamentar o que lhe aconteceu - será que o Congresso foi marcado para isso? - conseguiu impor a famosa "lei da rolha", num gesto verdadeiramente inqualificável numa democracia. O jornal i diz hoje que a "rolha laranja de Santana Lopes é para que nunca mais hajam líderes bebés a levar pontapés nas incubadoras". Muitos anos depois de ter sido primeiro-ministro ainda é alvo de chacota. Por isso, já sabemos que se o PSD chegar ao poder o que nos espera é uma espécie de "ditadura" camuflada, onde qualquer um poderá sofrer pelo delito de opinião. Mas esta atitude bizarra de Santana Lopes, veio mostrar o verdadeiro complexo do PSD, uma espécie de complexo de Édipo, o que nos leva a ver com mais clareza aquilo que têm feito a figuras públicas da nossa democracia, desde logo, o primeiro-ministro. As várias comissões de inquérito, vão na linha do seu inspirador ideológico, Estaline, só que agora é que o ficamos a saber com clareza. No fundo, parece que o presidente da Câmara das Caldas é que tinha razão, "não me tragam água, o que eu preciso é de vinho" dizia, rematando, "se eu tivesse falado a verdade nunca tinha sido presidente da Câmara". Este é o rosto do principal partido da oposição. Será que os portugueses se revêem neste partido que já foi de gente grande, e hoje é dominado por gente menor? Que futuro está ainda reservado para este país?
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