Carnaval - Ninguém leva a mal?
Estamos em plena época carnavalesca onde, segundo a tradição, ninguém leva a mal. Mas o problema é mais profundo. Sabemos bem que os portugueses são ávidos de festas e feriados, talvez por isso, estamos em permanente Carnaval à já algum tempo, neste circo político e mediático que vivemos diariamente. Parece que Portugal não está a enfrentar uma terrível crise, parece que não existe desemprego entre nós, parece que todos os dias abrem empresas e nenhuma fecha, parece enfim, uma imensa sala de espelhos onde se visualiza uma realidade cada vez mais virtual. Mas então, não vêem que é Carnaval? Depois à corsos onde a justiça até funciona, onde a polícia consegue controlar o crime, onde a imprensa informa correctamente os cidadãos, onde os políticos governam, onde existe um Portugal ideal sem crise, palavra que nem sequer vislumbramos o seu significado. Mas estão admirados, não vêem que é Carnaval? No meio de tanta animação, os foguetes ribombam no ar, e no meio de tanta música, tanta serpentina e tanto confetti, aparecem uns figurantes que dizem que se apresente uma moção de censura ao governo. Tal provoca muita risada da populaça, porque como todos sabemos, ninguém atacou o governo, ninguém pôs em causa a honorabilidade da imagem e da honra do primeiro-ministro, por isso, a animação ainda é mais evidente. Mas por quê tanto espanto, não vêem que estamos no Carnaval? Depois aparecem uns senhores que dizem ser jornalistas com umas máquinas de filmar feitas de cartão, de lápis apontado aos seus blocos de notas e telemóvel em punho para notícia célere. E aqui é que ficamos um pouco confusos. É que apesar da temperatura não ser a mais apropriada, vemos alguns semi-nus, como se estivessem no Rio de Janeiro, a dizer que vêem assim, para por a nú algumas coisas, embora não ousem o nú integral, como no Brasil, por pudor dizem, ou talvez porque não possam mostrar as suas reais motivações, e outros que vêem com umas máscaras sumptuosas, semelhantes às de Veneza, dizem que vestem assim, para ocultar a sua verdadeira identidade e, talvez, as suas verdadeiras intenções. E lá vai o corso animado e folião e a populaça lá fica feliz a saltar e a dançar porque no fundo, estamos no Carnaval. E como diz o povo, no Carnaval ninguém leva a mal.
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