Turma Formadores Certform 66

Sunday, February 14, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 44


E o circo continua... Agora, as tentativas de enlamear os governantes, - logo, a causa pública -, passou também para os jornalistas, como afirmamos em anterior crónica. E que alianças estranhas se estão a verificar... Só para quem não anda atento ou não está muito dentro destas situações é que tem escapado tal descaramento. Uns por frustração, outros por mau perder, outros sabe-se lá bem porquê... O enlamear figuras públicas é uma prática muito latina, com expressão máxima em Portugal e Espanha, Itália e por vezes, em França. Nós que também tivemos alguma visibilidade pública, a nível profissional, noutros tempos, também sentimos na pele o que é sofrer injustamente com a perseguição da comunicação social que, em muitos casos, inventa, trunca afirmações, etc., com vista a tornar verdadeira uma mentira, servindo os seus fins inconfessáveis. Ainda falam de censura, isto a que estamos a assistir é a um triste espectáculo de informação dirigida como acontecia no Estado Novo, - só que desta vez contra o governo e, sobretudo, Sócrates - e duma maneira mais evidente e brutal, como o foi na Itália de Mussolini ou na Alemanha de Hitler. Somos defensores da liberdade de expressão, mas somos defensores da liberdade de expressão responsável. A comunicação social ergueu-se a um pilar do Estado, duma forma despudorada, onde atacam tudo e todos, consoante as conveniências, sem olhar a meios, e quando são questionados ou enfrentados, apelam logo à falta de liberdade de expressão. Esta liberdade de expressão não é aquela que queremos, porque não serve a democracia, mas sim, a corrói até ao tutano. Numa altura em que se está a comemorar o centenário da República, seria bom reflectir sobre isto, e analisar a imprensa da época e a forma como ela contribuiu para o instaurar da ditadura. Será que é isso que pretendem? Achamos que deve haver liberdade de expressão, mas com limites, - os limites da responsabilidade -, e não esta que temos do vale tudo. Quantos jornalistas foram condenados em tribunal entre nós nos últimos anos? É que até a justiça parece ter medo de os enfrentar. Justiça que também tem sido um pilar bem pouco sólido da nossa democracia. Para além da falta de meios, - que os há -, para além de leis nem sempre boas, - que existem -, há também um deixar correr. Como dizia recentemente o Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, "acabem-se com os tribunais, afinal os julgamentos são feitos na praça pública e nos "media" diariamente". E parece que cada vez mais ele tem razão, por isso é incómodo, porque não tem medo de falar. No fundo, como já o dissemos noutra altura, os problemas que estamos a assistir no nosso país é, sobretudo, fruto do questionar sobre o governo - este e o anterior -, fizeram a algumas corporações, que até agora ditavam as leis neste país. Só por essa coragem de enfrentar as corporações, Sócrates merece a nossa admiração, apesar das divergências que temos sobre outras matérias. Mas estamos convictos que só daqui a alguns anos será possível avaliar o contributo importante que ele deu a esta país, e talvez nessa altura, se reponha alguma verdade que anda por aí travestida, se calhar por influências do Carnaval.

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