Equivocos da democracia portuguesa - 40
E lá foi votada a lei das finanças regionais. E embora o impacto seja diminuto no Orçamento de Estado, representa apenas 0,03% do valor do déficit, não deixou de causar perplexidade nos meios internacionais. Não sabemos se viram o que se passou ontem na CNN. O comentador disse achar incrível que, apesar das dificuldades que Portugal atravessa, ainda existam partidos a defender e a aprovar mais endividamento para o Estado. Inclusivé, contactaram o ministro das finanças, Teixeira dos Santos, que acabou por lhes conceder uma entrevista. Estas coisas são como a "mulher de César" não basta sê-lo é preciso parece-lo. E apesar disto tudo, como se já não bastasse, a Bolsa de Lisboa continuou em queda, ainda restos, - assim esperamos -, dos estilhaços que o comissário Almunia produziu. Contudo, estas situações poderão não causar grandes estragos, se a curtíssimo prazo, Portugal der sinais de que está a enfrentar a crise com determinação e com sucesso. Para isso, tem um ministro das finanças que goza de grande prestígio nacional e internacional, não se colocando em qualquer momento, a sua falta de competência. Aliás, e como vimos na notícia da CNN, que nunca fala de Portugal, e ontem fê-lo, - isto só para dar uma ideia do impacto que a lei das finanças regionais teve -, Teixeira dos Santos já veio dizer que, em último recurso, utilizará a "bomba atómica", isto é, travará as transferências para a Madeira, utilizando os poderes que a Lei do Enquadramento Orçamental lhe confere. Curiosamente, esta lei foi criada nos anos 80 por Manuela Ferreira Leite quando era ministra das finanças! Esta é a suprema ironia. Mas ontem ainda fomos surpreendidos com a notícia do semanário "Sol" sobre as famigeradas escutas a Sócrates, que deviam ter sido destruídas, conforme ordenou o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Mais uma vez o famoso "segredo de justiça" posto em causa. Isto cobre, de novo, a justiça de ridículo e suspeição. Como ontem um comentador dizia, a haver fuga ela teria que ter origem dentro do próprio sistema judicial. Isto mais parece uma "república das bananas", uma daquelas repúblicas latino-americanas onde vale tudo, - mesmo tudo -, do que um país europeu, membro da União Europeia. Como também ontem, um outro comentador afirmava, esperemos que o "Sol", tão célere em alimentar factos políticos, tenha a mesma atitude para com os seus patrões angolanos. Não sei se terão coragem para fazer coisas desta ao Presidente de Angola ou às restantes autoridades, mas se o tiverem, talvez se dêem mal. Este é um tipo de jornalismo "tablóide" que se esgota em si mesmo. Portugal já tem demasiados e graves problemas para resolver que afectam toda a população, e será nestes problemas que temos que concentrar toda a nossa atenção. O resto, talvez seja a influência da época, o Carnaval que aí esta, onde alguns andam travestidos de jornalistas.
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