A crise financeira e a recessão - XIV
Todos sabemos das dificuldades económico- financeiras que o mundo atravessa e a que Portugal também não escapou. Mas convenhamos que, mesmo assim, ainda estamos longe dos problemas duma Irlanda e, sobretudo, duma Grécia. Isto bem a propósito de alguns relatórios que muito recentemente têm vindo a lume, quer do FMI e de algumas agências de "rating", nomeadamente, da Moody's. Quanto ao FMI, nem vamos perder muito tempo com ele. Todos sabemos das políticas desastrosas que tentam implementar nos países onde intervêm, que são políticas falhadas já aplicadas na América Latina com o impacto que todos conhecemos. Os países que estão a crescer muito, contrariando as previsões do FMI, são a China e o Brasil, que se recusaram a aplicar as "famosas" receitas deste organismo. Nós bem o sabemos, sobretudo no início dos anos 80, quando os tivemos por cá, e que o então ministro das finanças, Vitor Constâncio, enfrentou, o que lhe viria a granjear muitos elogios mais tarde, pela maneira superior como defendeu o interesse nacional, por ironia, alguns desses elogios vieram de dentro do próprio FMI. Quanto às empresas de "rating" o caso é mais sério. Estas empresas não são escrutinadas e supervisionadas por ninguém, podem apenas reproduzir informação baseada em informações de jornais ou revistas, sem terem que provar seja o que for. Normalmente falham mas causam muitos estragos. Considerar Portugal com uma situação semelhante à Grécia é algo tão absurdo que, se fosse num exame de macroeconomia, não tínhamos qualquer rebuço em chumbar tal aluno. E que dizer da tão estável Irlanda que caiu na bancarrota, e que era um modelo que era apontado como exemplo à Europa, sobretudo, à Europa do Sul? E já agora, o que pensará a Moody's e alguns doutros dos seus pares, que davam o exemplo da Islândia, como algo acima da média, e que ruiu como um castelo de cartas em quarenta e oito horas? Será que estes "cérebros iluminados" leram os jornais e as revistas erradas? Se fizeram algum estudo, que estudo foi este que deu previsões tão erróneas e que a realidade veio a demonstrar? As maiores empresas que se dedicam a esta análise, são três, todas americanas, que olham com sobranceria para o mundo e, especialmente, para a Europa. Porque não olham para as suas realidades mais próximas? Que dizer da economia americana? Porque não denunciaram os vários "Madoff's" que por lá andaram e, ainda andam? Não seria isto a tal "morte lenta" de que falam, só que se esqueceram de olhar para os seus próprio umbigos? O mal de tudo isto é que, apesar de tudo, estas empresas ainda são escutadas, e as suas opiniões têm impactos negativos no crédito internacional dos países, que fica mais caro, - podendo até começa a escassear -, o endividamento do país aumenta, e o consumidor final fica mais pobre. E a crise em vez de se esbater, perpetua-se. É esta a espiral da pobreza que estes senhores acabam por levar para os países, sobretudo os mais pequenos, pobres e periféricos como Portugal. Estas agências nunca são confrontadas com o contraditório, por mais disparates que digam. É por isso que, a UE tem vindo a falar na criação duma empresa de "rating", a chamada Agência Europeia de Rating. Uma empresa destas não se cria dum dia para o outro, mas é do conhecimento geral que, esta é uma das prioridades da agenda de Durão Barroso. Vamos a ver se tem força para a implementar. Bem necessária era ela, para defender os estados europeus de predadores como estes que por aí andam.
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