Turma Formadores Certform 66

Monday, January 18, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 33


Aqui voltamos a esta série dedicada aos controversos equívocos em que a nossa democracia é fértil, desta vez, sobre as negociações do Orçamento de Estado. O governo tem vindo a encetar uma série de negociações para conseguir aprovar o OE para 2010, dado que não dispõe de maioria absoluta. A esquerda para lá do PS, que passa a vida a dizer mal de tudo, embora ouvida como todos os restantes partidos, auto-excluiu-se do processo logo na primeira reunião. Não é assim que se constrói seja o que for, é preciso que, quando na AR ou noutro qualquer lugar, se critica a política governamental, deste ou qualquer outro governo, tenhamos propostas alternativas para apresentar e tentemos - como é o caso - influenciar o outro partido para que algumas dessas propostas passem. Mas não é isso que vemos, parece que é mais cómodo estar do outro lado da barricada, a dizer o que muito bem nos apetece, porque sabem que não serão poder, e quando lhe é solicitada a cooperação, fogem dela como o diabo da cruz. Isto não é sério sejam lá quem forem os protagonistas. Quanto à direita, lá vai dialogando, porque pretende manter o governo em funções, pelo menos até às presidenciais, depois se verá... Contudo, e com a atitude sibilina que o caracteriza, o CDS-PP lá vai buscando as pontes de entendimento, aproveitando-se dum PSD estilhaçado e sem rumo. Mas para além da aprovação ocasional dum OE, seria mais importante que se fizesse um pacto de regime sobre os principais temas com os principais partidos para ajudar Portugal a sair da situação em que se encontra. Desde logo, a justiça, economia, finanças, segurança social e trabalho. Mas duma maneira séria e responsável, não como foi o acordo feito entre o PSD e o PS sobre a justiça, que o primeiro, logo que mudou de liderança o rasgou. Isto também não é sério nem responsável, e os portugueses sabem-no bem e por isso o têm penalizado. É certo que um pacto deste tipo precisa de partidos com liderança forte, credível e responsável. Infelizmente, a liderança do PSD não tem quaisquer destes atributos, o que tem conduzido o partido ao lodaçal em que está. Mas seria bom, que os nossos políticos, a exemplo do que acontece noutros países evoluídos, pensassem que o interesse dum país não se esgota numa legislatura de quatro anos nem nos interesses do seu partido. Vai muito mais além, e as linhas força não podem mudar consoante a força política que está circunstancialmente no poder.

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