Turma Formadores Certform 66

Thursday, March 04, 2010

Grandes Tradições Religiosas - Karen Armstrong

Desde já algum tempo que não tenho trazido a este espaço a habitual nota sobre livros. É certo que acho que os assuntos tratados têm tido o seu peso e, sobretudo, a sua actualidade. Pois hoje, vou-me redimir desta falha, trazendo-vos um livro muito interessante chamado "Grandes Tradições Religiosas" da autoria de uma das mais importantes historiadoras de religião, Karen Armstrong de nacionalidade britânica. Este livro cobre o período que envolveu vários mundos, desde logo o mundo no tempo de Buda, Sócrates, Confúcio e Jeremias. Entre os séculos IX e II a.C., os povos de quatro regiões diferentes do mundo criaram as tradições religiosas e filosóficas que têm norteado a humanidade até aos nossos dias: confucionismo e tauismo na China, hinduísmo e budismo na Índia, monoteísmo em Israel e racionalismo filosófico na Grécia. Este período, a que Karl Jaspers chamou Era Axial, viu surgir Buda, Sócrates, Confúcio e Jeremias, entre outros. Estes génios espirituais e filosóficos foram pioneiros de toda uma nova forma de estar, de pensar o mundo e a existência. Como se mantêm ainda tão próximos de nós? Como é possível, que passado tanto tempo sobre os seus ensinamentos, continuemos a recorrer a eles? O que poderia parecer um mero exercício de arqueologia revela-se, na verdade, de extrema actualidade. Em tempos de crise espiritual e social voltámos a procurar fontes de orientação. Talvez seja preciso reencontrar o ethos axial de que falava Karl Jaspers. O judaísmo rabínico, o cristianismo e o próprio islamismo são frutos de uma era em que se dilataram as fronteiras da consciência humana e da sua dimensão transcendente. Faz por isso sentido a noção de religação de Karen Armstrong: "Vivemos - gostemos ou não - num mundo unido electrónica, económica e politicamente. O que acontece em Gaza ou no Iraque repercute-se em Nova Iorque ou Londres (...). A única forma de acabar com a hostilidade é aprender a pensar que as pessoas de outros países, mesmo que remotos, são tão importantes quanto nós e praticar a regra de ouro - não faças aos outros o que não queres que te façam a ti -, proposta originariamente por Confúcio cerca de 500 anos antes de Cristo. Esta é a única via". É um livro muito interessante e fascinante que nos permite pensar sobre muito do que está a acontecer diariamente no nosso tempo, talvez como um refluxo de outras atitudes tomadas noutros tempos bem anteriores aos nossos. A edição é do Círculo de Leitores na sua colecção "Temas e Debates". Recomendo vivamente.

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