Turma Formadores Certform 66

Thursday, February 18, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 45

Aqui fica uma bofetada de luva branca para todos aqueles que fizeram de Vitor Constâncio a panaceia de todos os males, onde tudo era culpa sua, tendo sido apelidado de incompetente na própria comissão parlamentar de inquérito ao caso BPN. Nunca nos esqueceremos dessa famosa comissão, onde o principal responsável do BPN, Oliveira e Costa, se divertia com chalaças, quando afirmava que a banca não gosta de pagar imposto, e outras barbaridades que tais, perante o sorriso deleitado, para não dizer cúmplice, dos vários deputados presentes. Isto não significa que não tenhamos críticas a fazer a Vitor Constâncio, - ele próprio admitiu que aligeirou em algumas coisas, - mas daí a responsabilizá-lo por tudo o que aconteceu, quer no BPN, como no BPP, como no Mileniuum BCP, é um pouco demais. O seu único crime era ser político e socialista. Mas isso não chega para apagar a imagem de ninguém, e bem andou Silva Lopes, distinto economista afecto ao PSD, que lhe teceu rasgados elogios. Como já em tempo afirmamos neste espaço,Vitor Constâncio teve um papel muito relevante nos anos 80, quando Portugal sofreu a intervenção do FMI, sendo ele então, ministro das finanças. O trabalho que desenvolveu, associado à sua juventude, granjeou-lhe imensos elogios, alguns dos quais, ironicamente, vieram do interior do próprio FMI, na maneira corajosa e desnudada com que defendeu os interesses de Portugal. Entre nós a diferença do "bestial" ao "besta" tem a espessura do fio de navalha, todos o sabemos, é a nossa veia latina e irreverente. Mas muitos do que o criticaram e que ainda hoje o criticam, estão longe da sua capacidade e saber. É fácil dizer que ele falhou na supervisão, estamos de acordo de que nem tudo correu bem, mas só quem não sabe a dificuldade que isso tem, perante alguns truques que a banca usa, é que pode ficar agarrado a essa visão redutora. Mas quem tem qualidade têm-na sempre, e não são meia dúzia de políticos de circunstância que a vão por em causa. E se dúvidas houvesse, elas cairiam por terra com a nomeação, esta semana, de Vitor Constâncio para o cargo de vice-presidente do BCE. É a primeira vez que tal cargo é confiado a um português, o que, desde logo, dá bem a ideia da capacidade e prestígio internacional do próprio. Claro que continuarão a chover algumas críticas, mais de incómodo do que outra coisa, porque não é fácil engolir certos sapos que, pela sua dimensão, são bem indigestos. Vitor Constâncio vem juntar-se assim, a uma senda de grandes nomes portugueses a ocupar posições de relevo na UE, como são os casos do presidente da comissão europeia, Durão Barroso, e mais recentemente, a nomeação do embaixador da UE para os EUA, que recaiu sobre João Vale de Almeida. Isto mostra que o governo português está atento, que a diplomacia portuguesa está a fazer um excelente trabalho, mas sobretudo, que Portugal tem nas suas gentes homens com valor reconhecido internacionalmente, mesmo quando alguns pigmeus com ares de gigantes, os pretendem abater. A qualidade, mais cedo ou mais tarde, acaba sempre por se opor à mediocridade, e este é bem um exemplo disso mesmo.

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