Equivocos da democracia portuguesa - 53
Estamos a assistir a mais um capítulo, a todos os títulos, triste da nossa democracia. A aprovação do OE é o passo fundamental, nos próximos tempos, para o controlo do país. Numa altura em que se perspectiva uma crise política, todos nós vamos assistindo a este triste espectáculo que é o de, os partidos, colocarem à frente dos interesses do país os interesses dos próprios partidos. A ideia do governo se demitir se o OE não for aprovado é, de todo, razoável. Contudo, ninguém imagina um país, nas actuais circunstâncias, a viver por duodécimos, sem orçamento, e sem a possibilidade de haverem eleições, dado os prazos que a legislação portuguesa impõe. Não esqueçamos que estamos a pouco tempo de eleições presidenciais, e pelos menos, durante seis meses, não podem existir eleições. A oposição tem-se portado da maneira mais irresponsável possível. Sobretudo o PSD, que é o partido com mais responsabilidade face aos restantes, que tem tomado posições verdadeiramente ridículas. O crédito de Passos Coelho está a perder-se, mesmo dentro do seu próprio partido, - mais uma vez apelamos às posições que Pacheco Pereira tem assumido na "Quadratura do Círculo". E as afirmações dos seus pares são, no mínimo, duvidosas. Veja-se a afirmação de Angelo Correira que afirmou que "o PS não deve excluir os outros partidos, previligiando o PSD". Esta afirmação, logo seguida por outros responsáveis, não são sérias. Todos sabemos que o PSD é a verdadeira alternativa política ao PS e não qualquer dos outros. Aliás, como diziam Marcelo Rebelo de Sousa e Mário Soares, "ninguém está interessado em ir para o governo nesta altura", que seria um verdadeiro presente envenenado. A atitude de Cavaco Silva parece mais eleitoralista do que outra coisa, porque se queria mediar a situação, já chegou tarde. Esta situação compete à AR e aos partidos com o governo. Estes é que têm que se posicionar na defesa do nosso país e das suas populações. O CDS mantém o silêncio - talvez tenha sido o mais razoável no meio de tanto ruído-, o PCP está contra tudo e o BE segue o mesmo caminho. A única atitude razoável que o BE fez, - e com a qual concordámos -, é com a elaboração dum "orçamento zero" para que seja possível controlar as gestões das empresas públicas, para que se não repitam as situações insólitas das Águas de Portugal. É neste cenário, deveras preocupante, que esperamos pela apresentação do OE e que seja possível criar as pontes de entendimento que sirvam para que Portugal não continue a dar a péssima imagem internacional que tem dado, e que tão caro nos tem custado. Para além disso, a agitação social vai-se sentindo e promete vir a ser mais intensa daqui para a frente. Esperemos que o bom-senso prevaleça sobre tudo o resto.
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