A crise financeira e a recessão - XXXVII
Dentro de dias será apresentado o OE para 2011 na AR, será na próxima sexta-feira, dia 15 do corrente. Nele se vão encerrar as nossas expectativas - poucas - e, as nossas frustrações - muitas - que os dias não vão para derivas. O PS vai dramatizando a situação, talvez porque tem a noção de que vai apresentar um OE muito duro, querendo com isso, envolver a oposição. O PSD, partido que vem alternando no poder, continua com o seu "tabú" - este é o partido dos tabús, ao que parece - sobre como vai votar este orçamento. É certo que uma coisa já o PS conseguiu, que foi fracturar internamente o PSD sobre esta questão. Dentro do PSD, tem-se assistido aos "cavaquistas" a tentarem que o partido diga antecipadamente que se abstém, viabilizando assim, o OE. Já Manuela Ferreira Leite o fez agora e, mais recentemente, Pacheco Pereira juntou-se a este coro. Mas para Passos Coelho a decisão não é fácil. Se viabiliza o OE, lá terá que voltar a pedir desculpa aos portugueses, se o chumba, ficará com o ónus de ter criado uma crise política. Esta, na nossa opinião, será a situação mais grave, porque se o OE for rejeitado e o governo se demitir - à quem diga que isso está previsto para 29 deste mês - poderá o PSD vir a tomar o poder, baseando-se numa campanha de não aumento de impostos, que Passos Coelho tanto tem defendido. Mas, é nossa convicção que, chegados ao poder terão de rever esta sua atitude - e se o FMI aparecer por aí, isso será quase inevitável - e então, como irá Passos Coelho governar? Estas são questão que ultrapassam em muito o simples sentido do jogo político e partidário, mas que já nos envolve a todos duma maneira efectiva. Penso que o PSD, tal como o país, está numa terrível encruzilhada cujo desfecho não é de todo previsível. Para o PS, talvez seja a altura mais ansiada, de sair desta embrulhada mais do que maculado, com o ónus de não ter obtido do PSD o sentido de voto patriótico para continuar. Embora todos os partidos tenham apetência pelo poder, penso que José Sócrates se sentiria muito agradecido se fosse empurrado para esta situação, saindo como a grande vítima de tudo isto. Veremos como, nos próximos dias, se irão posicionar as forças em presença, embora para além de tudo isto, seja o futuro de todos nós que mais importa. Como se tal não fosse por si só suficiente, as últimas sondagens indicam que o parlamento continuará ingovernável, visto a diferença entre os dois maiores partidos ser de apenas três pontos percentuais, isto é, na vereda do empate técnico, (e até com maioria à esquerda), o que desde logo, conduzirá à necessidade de entendimento dentro do actual quadro parlamentar.
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