Equivocos da democracia portuguesa - 123
Mais uma vez o governo - leia-se Passos Coelho - se vê enredado em mais uma polémica, desta feita, na Comissão Política do PSD que decorreu à porta fechada!!! O estranho da história está aqui mesmo, como é que numa reunião à porta fechada, se sabem algumas coisas que parecem interessar a alguém que as divulga para o exteiror, com vista a criar um certo mal-estar político de que o país não precisa de todo. Tudo se prende com a afirmação de "desvio colossal" que o governo anterior deixou e que o actual governo tem que corrigir. Se de facto a afirmação foi proferida com o sentido que os meios de comunicação lhe deram é grave, diríamos mais, é duplamente grave, primeiro porque para quem afirmou que não justificaria as medidas governativas com o que o governo anterior lhe legou - vidé afirmações proferidas em 16 de Junho último, à menos de um mês - parece que anda a deixar cair assuntos que envolvem a governação anterior demasiadas vezes, todos sabemos que um governo quando sai deixa sempre algo que o seguinte acha menos bem, por isso é que foi eleito e deve corrigir aquilo que acha mal, senão não se tinha candidatado; em segundo lugar, as afirmações do PM são graves porque para além de serem escutadas no país - que carece muito de tranquilidade - são também escutadas no exterior, e quando se quer dar a imgem de que tudo está a correr como o previsto, não parece que afimações destas possam tranquilizar os mercados, sobretudo, quando se põe em causa o rigor das contas públicas, que mesmo que seja verdade, não devem transparecer para o exterior. (Emboara seja estranho que a "troika" que por cá esteve tanto tempo, não tivesse dado por nada). E internamente, para além de instabilizar as populações já de si muito afectadas, vem fazer de todos nós umas pessoas de menoridade intelectual, quando faz aquilo que disse que nunca faria se fosse governo. Mas o actual governo já nos vai habituando a isso, porque também disse que nunca aumentaria os impostos - foi com base nisso que chumbou o PEC4 - e a primeira medida que apresntou foi precisamente um aumento brutal de impostos que leva logo, de uma assentada, 50% do subsídio de Natal da maioria dos portugueses. Afinal, tão diferente queria ser e tão igual é aos anteriores governos. Mas as coisas não se ficam só por aqui, porque agora o imposto que era só de aproximadamente 800 milhões de euros e seria só em 2011, afinal vai entrar em 2012 e terá mais 180 milhões aproximadamente. E é ver como os contribuintes a recibo verde pagam mais - de novo - do que todos os outros. Estas afirmações ontem produzidas por Vítor Gaspar, o actual ministro das finanças, para além de não tranquilizarem ninguém, ainda apresentam mais alguns factores de perturbação. É que não se viu uma única medida do lado da despesa do Estado a ser cortada. Para um partido que dizia, enquanto oposição, que era aí que se devia cortar e que logo que chegassem ao poder seria isso que fariam, afinal não tem qualquer medida ou, pior do que isso, a quis esconder. Afinal é na gordura do Estado que se deve cortar e não nas populações que, na sua maioria, se aproximam já do limiar de pobreza. Mas parece que não será assim, afinal estamos perante um governo ultraliberal e não à que esperar melhor. Mas ainda voltando ao imposto extraordinário, e à comunicação de Vítor Gaspar, não deixa de ser estranho que não exista um plafonamento consoante os rendimentos, isto é, quer se ganha 5000 euros/mês, ou 500 euros/mês, a taxa aplicada é a mesma, quando, como seria mais justo, os que mais ganham contribuissem para os que menos ganham. (Princípio consagrado no PEC4 que tanta polémica trouxe à ribalta, afinal, para acabarmos ainda pior). Mas enfim, é a teoria ultraliberal no seu melhor. Os jornalistas mostraram também alguma estupefação, desde logo, Nicolau Santos, director-adjunto do Expresso que, em entrevista, afirmava e bem, que "neste ano e no próximo, só as exportações é que vão puxar pela economia, porque os particulares estão afogados em impostos, e o Estado parece não se decidir a emagrecer mais um pouco. Até porque os impostos têm um efeito rápido, enquanto que do lado da despesa, com os "lobbies" existentes entre nós, será mais difícil e mais diferido no tempo". Mas esta aparente confusão, não é mais do que a confusão reinante na UE. Desta vez acrescida pelo corte da Fitch à Grécia colocando este país em CCC, isto é, pré-bancarrota sem garantias de pagamento. Assim, começamos a entender que, afinal, a existência de mais austeridade não vai resolver o problema e o caso grego é disso exemplo paradigmático. E enquanto a UE não sabe o que fazer, as economias mais sustentadas como a francesa, começa a ver os juros a subir. Mas, cada vez mais, se vai percebendo que esta crise é global, é que agora os próprios EUA estão em vias de ver baixado o seu "rating". A Moody's e a Standard & Poor's já o afirmaram, a menos que seja para europeu ver, depois da forte contestacção que têm tido na Europa. Mas a ser verdade, seria impensável assistirmos a tal coisa na maior economia mundial, com as terríveis consequências que daí adviriam - caso se viesse a verificar - para a economia mundial. Dá a sensação, cada vez mais palpável, que caminhamos para uma economia de guerra em tempo de paz. E esse é o problema central, com todas estas restrições, será que teremos paz? Até quando?
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