Equivocos da democracia portuguesa - 157
Este Natal foi pródigo em presentes que o governo de Passos Ceolho nos deu. Foram os cortes nos subsídios, o aumento das taxas moderadoras, o aumento da jornada de trabalho sem remuneração, foi o fim dos três dias adicionais de férias para os trabalhadores mais assíduos, foram os cortes no subsídio de desemprego, foram os cortes nas prestações sociais e, depois de tudo isto, e para evitar constestação, eis a grande solução... emigrar. Até há um distinto (!) deputado europeu - Paulo Rangel - que acha que se deve criar uma agência para a emigração, se calhar com ele como presidente!!! E assim vai Portugal a caminho de 2012. O PR que acordou tarde para o verdadeiro problema de Portugal - ou seria má fé relativamente ao governo anterior? - lá vem dizer que é preciso não esticar a corda demasiado e que está preocupado com a coesão social, fruto dum certo desvario internacional. (Vá lá que já evoluiu, num passado recente a culpa era toda do governo de então...) Quem não anda a gostar destas declarações é o PSD, que através dum dos seus vice-presidentes já veio classificar as declarações de Cavaco como inoportunas e excessivas, lamentando-se da falta de solidariedade do PR para com o governo!!! Até parece que não existe!!! Contudo, nos votos de boas festas que o governo apresentou ao PR, este pediu muita energia ao executivo, para ver se sai alguma coisa de interessante que até hoje não vimos. Afinal quem tinha tantas soluções para a crise e logo em poucos dias não apresentou nada, pelo menos que se visse e fosse a favor dos portugueses. A "real" Madeira continua com o despesismo apesar dos alertas, veja-se o que está a acontecer com a importação de fogo-de-artifício para a passagem do ano... É caso para dizer que a bravata continua. Mas por cá as coisas não são melhores. Os Srs. deputados da Nação foram de férias sexta-feira passada e só voltam para o ano!!! Então as pontes não iam ser abolidas!!! Afinal será que já não estamos em crise? Ainda não demos por nada, mas se calhar nós é que não temos latitude intelectual para entender os Srs. deputados da Nação!!!... A EDP entretanto, seguindo o processo de privatização que encetou à vários anos, cedeu uma posição importante aos chineses da Chinese Three Gorges. Pensamos que foi uma medida acertada, pelo que veio a lume, de contrapartidas que os chineses prometem à economia portuguesa e à banca. O Financial Times classificou a operação dizendo que "Portugal foi sortudo" em caixa alta. Com uma Europa sem dinheiro, sem rumo, sem liderança, pensamos que o governo viu bem em negociar com os chineses que ficam agora com 21% da EDP, e buscar financiamento noutras latitudes. E estamos certos que tudo irá correr bem. Os chineses não esquecem, e não vão esquecer quem os ajudou a entrar no mercado europeu e americano, ambição que eles perseguiam desde à muito. Este pequeno país periférico foi a alavanca para isso e, estamos certos, que a China não deixará de apoiar um país que os ajudou nesta sua pretenção. Eles também com este negócio, dão um sinal de apostarem em Portugal, na sua economia e na sua recuperação. Vamos acompanhar o evoluir da situação, mas neste momento, estamos de acordo com a posição do governo português. Porque é necessário buscar outros apoios fora duma UE cada vez mais desagregada, em que o euro está na iminência de se dissolver, em que o eixo franco-alemão não consegue encontrar uma saída para a Europa, estando mais preocupados com os seus países, numa visão paroquial em tudo contrária ao espírito da UE e dos seus fundadores.
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