Turma Formadores Certform 66

Wednesday, December 14, 2011

Conversas comigo mesmo - XLV

Nestes tempos difíceis porque passamos dou comigo a pensar que sem sonhos, a vida não tem brilho, sem metas, os sonhos não têm alicerces, sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhem, tracem metas, estabeleçam prioridades e corram riscos para executarem os vossos sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por omitir! "Quando o mundo cai ao meu redor e as forças se vão, encontro abrigo em Ti, segura-me, segura as minhas mãos..." Assim vos digo, meus amigos, eu sei que dá vontade de guardar tudo numa mala e atirar ao mar para nunca mais a encontrar. Eu sei. Mas toda a gente sofre. Não tentem fugir disso, ou acabarem com isso. Acontece com toda a gente. E passa. E quando passa, vocês ficam mais fortes. A vossa dor não é diferente das outras, nem especial… Não tentem fugir disso não, a dor sempre vos acha. E quanto mais fugir, mais ela aumenta e vos persegue. Não vale a pena. Vai e luta. O tempo leva tudo, vocês superam. Eu sei que sim. Vocês vão sorrir de novo, podem apostar. E sorrir forte, de verdade, com aquele tom de “foi díficil mas eu estou aqui”. Isto também é algo que se aprende em casa, - há coisas que a escola não ensina -, e quando falo sobre isto, vêm-me à memória os métodos educacionais que fizeram escola num passado não muito distante, que têm a ver com o pensamento de dois grandes filósofos, Locke e Rousseau. Numa altura em que se satisfazem todos os caprichos, todos os anseios, das crianças e dos jovens, que muito os limitarão no futuro, sobretudo, num futuro que se perfila no horizonte com elevado grau de incerteza, exigência e competitividade, esses jovens ficarão sempre limitados para o enfrentar. Na ânsia de terem tudo, rapidamente e sem esforço, vão castrando a capacidade de enfrentar a dura realidade. Aqui o papel dos pais é fundamentel, porque é deles que parte, na maioria dos casos, essa atitude. Sempre que falo disto, lembro-me das palavras duma mulher extraordinária, grande intelectual do seu tempo, a Condessa d'Oeynhausen, que entre nós é mais conhecida por Marquesa de Alorna. Numa das suas cartas à sua irmã Maria, ela escrevia: "... Sabe mana, não cedo aos caprichos de meus filhos, não choram nem gritam nunca. Creio que não há neste mundo crianças menos incómodas que as minhas, nem mais alegres, porque, desde que nasceram, nunca fiz nenhum caso das lágrimas e conhecem a inutilidade desse meio. O despotismo, nesta idade, é a origem de muitos desgostos futuros. Ceder é fraqueza. Qualquer coisa as distraie as diverte... ". Poderá parecer cruel, mas mais tarde os mais jovens reconhecerão que essa atitude - incompreensível para eles na altura que foi tomada - os ajudou a singrar no futuro. Num contexto como aquele que se aproxima, - refiro-me à época natalícia -, onde as crianças querem satisfazer os seus anseios duma forma desmedida, é bom lembrar estas palavras, porque se este ano, as limitações orçamentais poderão criar alguns impedimentos, é importante que as crianças vejam isso como um método e não como uma debilidade dos seus progenitores. Por vezes, pensamos que as crianças subestimam certas coisas, mas não é assim, elas têm os sentidos muito apurados, apenas não sendo capazes de os exprimir, ou por incapacidade - sobretudo nos mais novos -, ou por estratégia - quando falamos dos mais crescidos -, mas todos têm a percepção da maneira como podem controlar os seus pais. Isto vem a propósito dum desabafo dum pai que à dias me falava da incapacidade de satisfazer os anseios do filho quanto a prendas neste Natal dadas as dificuldades porque está a passar, ele que sempre comprou o carinho, amor, quiçá, até alguma paz com as prendas caras que dava ao filho. Esta pessoa achou que o mais importante era que o filho se sentisse superior face aos seus amigos, porque tinha mais brinquedos, mais caros, mais exóticos. Contudo, e como lhe disse na altura, não o soube preparar para o futuro. A sua própria reacção é disso exemplo, e espero que daqui a alguns anos o seu filho não se sinta atado por limitações as mais variadas face às agruras da vida porque não o prepararam para tal. E talvez nessa altura culpe os seus progenitores. Vem-me à memória as palavras do Dalai Lama: "Quando surge um problema, você tem duas alternativas: ou fica se lamentando, ou procura uma solução. Nunca devemos esmorecer diante das dificuldades. Os fracos se intimidam. Os fortes abrem as portas e acendem as luzes". Quantos dos nossos jovens estão preparados para o futuro? Quantos terão a capacidade de lutar? Quantos não se sentirão esmagados pelo destino? Estas são reflexões que deixo nesta época natalícia, onde o consumismo é mais exacerbado - mesmo em tempos de crise - onde o Natal se resume aos presentes, onde o simbolismo que encerra não é lembrado, onde o ofuscar das luzes - este ano menos do que o habitual - e o brilho das montras fazem esquecer algo muito mais importante, a solidariedade que deveria existir entre todos, sobretudo, nestes momentos difíceis, onde o essencial do espírito natalício fosse mais importante do que a prenda efémera que logo se põe de lado na expectativa duma outra que há-de vir rapidamente mais cara e extravagante.

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