Turma Formadores Certform 66

Tuesday, November 29, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 151

No mar de angústia que se vai instalando em Portugal e na Europa vemos que a descoordenação das políticas, a falta de rumo a seguir, vão delapidando o pouco que ainda existe. Por cá, depois duma greve geral que o governo tentou minimizar, aliás, sem sucesso, verificamos que o desnorte é total. No caos que é o OE para 2012, assistimos quase diariamente a avanços e recuos que já não se podem ocultar. Embora com maioria absoluta, o governo quer garantir uma base de apoio alargada e, para além disso, comprometer o PS na política seguida. Daí estas tergirvações incompreensíveis, que mostram também, um certo desnorte, coisa aliás por demais evidente desde que este governo tomou posse. A carga tributária é cada vez mais expressiva, embora não se veja cortes significativos do lado da despesa do Estado que dá de comer a muitos parasitas e incompetentes. Já não se consegue esconder o caos em que Portugal está e que vai piorar no futuro próximo. Os indicadores da OCDE ontem publicados, dizem bem da real situação em que nos encontramos. O desemprego a disparar em flecha - um em cada sete trabalhadores não terão emprego em 2013, mostrando à evidência a recessão que irá - já está - a esmagar Portugal e os portugueses. No OE 2012 não se vislumbra - como já aqui referimos por diversas vezes - qualquer estratégia, mesmo que incipiente, para o crescimento da economia. E sem crescimento não existe emprego, não existe investimento, logo, não pode existir criação de novos postos de trabalho. Neste ciclo vicioso, nesta espiral recessiva - para utilizar a expressão de Manuela Ferreira Leite - em que entramos, não se vê nenhuma luz ao fundo do túnel, apenas este bem escuro que a todos abraça. O empobrecimento dos portugueses é já por demais visível, a crise veio para ficar e não só até 2013 como o ministro da economia - o tal que nunca nos lembramos do nome(!) - (já agora cliquem no link anexo e vejam o vídeo, verão que vale a pena http://www.youtube.com/watch?v=tnePYC9OQY4&feature=player_embedded#! quis decretar. Ele, do cimo da sua pseudo sabedoria ainda não percebeu que não será assim, e se o entendeu então está a enganar os portugueses. Este é um trabalho de uma geração pelo menos e não dum par de anos, desenganem-se os que pensam o contrário. Mas o mais caricato é que ainda ninguém percebeu por que será que o governo quer ir para além do que a "troika" impôs. Não é seguramente a ida aos mercados em 2013 como o PM quis afirmar, porque nessa altura o país estará mergulhado numa das mais graves recessões da sua história, e ninguém nos emprestará nada, o que levará ao negociar dum novo pacote junto das instâncias internacionais, e disso ninguém tenha dúvidas. A coberto do acordo negociado o PSD está a implementar a sua agenda ultraliberal - como já aqui denunciamos por diversas vezes - dentro daquilo que está a ser seguido pelo directório da UE, o chamado "Merkozy" para utilizar uma feliz expressão de Freitas do Amaral. Só que agora, ao contrário do que aconteceu no passado recente, já muita gente - e gente com visibilidade - começou a ver aquilo que até aqui não viam ou não queriam ver. Porque o problema está na Europa e não nos países periféricos. (Agora os países mais emblemáticos da União estão a braços com o problema - veja-se o que aconteceu ontem com os juros da dívida italiana a que nem a mudança de governo conseguiu evitar - que o mesmo é dizer que a crise está a chegar ao núcleo duro da Europa sem apelo nem agravo). Estes foram arrastados pela fúria ultraliberal e, como pequenos, dependentes e com economias mais frágeis, não tiveram a capacidade de reagir. Ainda hoje, o Diário Económico on-line abre com um título sugestivo: "Berlim só salva o euro depois de mandar nas contas europeias". Isto diz bem da arrogância alemã, arrogância que, nunca o esqueçamos, conduziu a Europa para duas guerras mundias. E talvez, oxalá nos equivoquemos, está a preparar uma situação idêntica para o futuro próximo. Este directório que não foi eleito e como tal não tem mandato para decidir os destinos dos restantes países europeus, está a comportar-se como uma verdadeira ditadura. Como dizia Freitas do Amaral ontem: "A Europa é um conjunto de países democráticos governados por uma ditadura franco-alemã". Ao que acrescentou Mário Soares: "Se a Europa não mudar, então vai ter que haver um revolução". Não sabemos se será uma revolução ou algo mais devastador, mas sabemos que o sonho europeu está a estilhaçar-se em mil pedaços e o euro - sonho maior dos fundadores da Europa Comunitária - está em vias de desaparecer com o cortejo de problemas que daí advirão, sobretudo para os países periféricos. O sonho europeu foi o maior a que a nossa geração assistiu, e é com muita amargura que vemos que ele está a ser destruído dia-a-dia sem que ninguém - aparentemente - faça nada para o evitar.

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