Turma Formadores Certform 66

Wednesday, November 16, 2011

Conversas comigo mesmo - XLI

"... Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora". Hoje retenho-me sobre o capítulo sétimo de Mateus. O encontro é o mote. O encontro, a sua qualidade, o seu valor e o sentido dependem muito da qualidade e do valor de certos encontros e, fundamentalmente, da profundidade do nosso encontro com Deus. Encontro para o qual, de muitos modos, Ele nos chama, ao longo da nossa vida. Na nossa cultura judaico-cristã, Deus é a verdade, a vida e o amor que se oferece a cada um de nós para um encontro final e decisivo. Encontro que ele não quer que falhamos e que é suma insensatez não preparar. Como o azeite para a luz que algumas das virgens - convidadas da noiva - não souberam providenciar, tentando pedir às outras mais previdentes que, contudo, não o podiam ceder porque também lhes iria fazer falta. É bom dizer que as luzes nessa época duravam cerca de quinze minutos o que implicava que se tivesse que ter alguma provisão de azeite para as continuar a abastecer. (Mais uma vez recorro ao capítulo sétimo de Mateus). É a esta luz que se deve procurar o sentido profundo da parábola que Jesus nos conta, pois, aparentemente, contém aspectos pouco "exemplares" e pouco evangélicos. Não poderia o esposo ser mais tolerante para com o atraso das insensatas? Não poderiam as prudentes ser mais compreensivas e solidárias? O que acontece é que esta parábola não se destina a classificar moralmente as relações entre as suas personagens. O seu objectivo é outro e liga-se à exortação final: "Vigiai, porque não sabeis nem o dia nem a hora!" Como na espera do noivo que se atrasou e fez com que as convidadas da noivas quase adormecessem. (Ainda o recurso a Mateus capítulo sétimo). Quando uma coisa é realmente importante na nossa vida e para a nossa vida merece-nos com certeza toda a atenção e uma cuidadosa preparação. Não será, por isso, insensatez, não cuidar do encontro mais importante na nossa vida? A Fé é também um talento que Deus nos confia em ordem a uma tarefa ou missão. E o que se pode fazer, motivado e impulsionado por essa virtude, está bem patente na vida daquela mulher que o Livro dos Provérbios tanto elogia: dedicação à família, espírito de trabalho e de serviço, abertura à comunidade humana e particular atenção aos mais necessitados, bem como à natureza e aos animais, (lembre-mo-nos do exemplo de S. Francisco de Assis). Fica pois bem claro que a fé, quando verdadeiramente assumida e vivida longe de nos afastar ou de nos alhear de quanto nos rodeia, torna-nos antes mais próximos, mais atentos e mais disponíveis, produzindo sentido de co-responsabilidade, fraternidade activa, actos de amor e de alegria, empenhamento na vida social, interesse pela comunidade de que se é membro e participação diligente nas suas actividades, conforme as circunstâncias e possibilidades reais. Pelo contrário, se não aplicamos, coerentemente, a cada área da nossa vida, aquilo em que acreditamos, a fé torna-se, então, naquele talento enterrado e improdutivo de que nos fala o Evangelho. E quem deixa que a sua fé se torne um talento estéril, tem na parábola esta bem triste classificação, "servo mau e preguiçoso..." ou pior ainda, "servo inútil".

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