Turma Formadores Certform 66

Thursday, April 05, 2012

Conversas comigo mesmo - LXXXII

"Não vai haver mais noites solitárias nem ouvir que eu sou mau. Não vai haver mais ronco na barriga das refeições que não tive. Não vai haver mais taças de água vazias sob o sol escaldante. Não vai haver mais vizinhos reclamando do barulho por eu estar a chorar. Não vou ouvir mais "cala-te", "para baixo" ou "sai daqui"! Não sinto mais que não gostavam de mim, só a paz está no ar. A Eutanásia é uma benção, embora alguns ainda assim não consigam ver. Porque é que Eu nasci se estava destinado a não ser? O meu último dia de vida foi o melhor que alguma vez tive. Alguém me segurou muito perto, pude ver que ela estava muito triste. Beijei o rosto desta senhora, e ela abraçou-me enquanto chorava. Abanei o rabo para lhe agradecer, fechei os olhos e parti.... " Este escrito foi produzido por um voluntário de um abrigo para animais em Massena. Ele como tantos outros, interpretou a dor, o sofrimento, a angústia dum pobre animal - neste caso um cão - que, tal como nós, sentiu enquanto lhe foi dado viver. Este animal, tal como muitos outros, são seres sencientes, que sofrem, que têm sentimentos, desgostos e angústias, como qualquer um de nós. A humanidade, na sua pertença superioridade, não consegue ver isso. Só nos lembramos destas imagens quando estamos perto do fim, quando temos que partir, quando temos que enfrentar o desconhecido, a Deus, para os crentes. E aí a dimensão da vida toma outras proporções. Mas até que esse dia chegue, ignoramos estes pobres infelizes, abandonados nas ruas com fome, sede, doenças várias, torturá-mo-los nas arenas em prol do "espectáculo", torturá-mo-los nos circos em nome da "diversão", e pensamos que estes seres sencientes, não sentem, não têm dores, angústias, medos e receios como todos nós. Este é o mundo em que vivemos, onde nos lamentamos, por vezes, da nossa sorte e não nos importamos com a sorte dos outros, entre eles, dos nossos irmãos de quatro patas, que estão também, tal como nós, a celebrar o mistério da vida. O homem implora a misericórdia de Deus mas não tem piedade dos animais, para os quais ele é um deus. Os animais que sacrificais já vos deram o doce tributo de seu leite, a maciez de sua lã e depositaram confiança nas mãos criminosas que os degolam. Ninguém purifica o seu espírito com sangue. Na inocente cabeça do animal não é possível colocar o peso de um fio de cabelo das maldades e erros pelos quais cada um terá de responder. Quanto tempo será necessário que passe para que tenhamos formado uma outra consciência, mais solidária, mais fraterna, mais em consonância com a vida, a vida de todos os seres que povoam este nosso planeta e não apenas com a dos humanos. Quando seremos capazes de sair das cavernas em que ainda vivemos, quando teremos coragem para enfrentar a dura realidade e sermos uns seres melhores e mais perfeitos?

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