Equivocos da democacia portuguesa - 177
A saga política continua e Portugal está cada vez mais empobrecido. Esse é o resultado das políticas ultraliberais que estão a ser impostas aos portugueses e que vão muito para além do memorando com a "troika". Agora surgiu a ideia, ontem veículada, de que os centros de emprego seriam o motor para fazer face ao desemprego!!! Depois de ouvirmos isto, ficamos com a sensação dum mundo às avessas e de que o governo português não tem qualquer estratégia para fazer face a este flagelo que já ronda os 15%. Os próprios parceiros sociais já fizeram sentir o seu desagrado e até os representantes patronais já não calam o seu descontentamento. Um deles chegou ao ponto de dizer que o ministro da economia - o tal de que nunca nos lembramos do nome! - "deveria falar menos e apresentar mais propostas concretas de crescimento da economia". De facto, como já vínhamos alertando à muito tempo, este governo não tem qualquer estratégia de crescimento da economia, e enquanto isso não se verificar, nunca haverá criação de emprego. É preciso criar um clima de confiança - que não existe - que leve os empresários a investir e não apenas fugachos que derivam de posições hegemónicas dentro da economia. Queremos com isto dizer que, achamos incompreensível que o ministro da economia - o tal de quem nunca nos lembramos do nome - se tenha regozijado com a OPA do grupo Mello à Brisa, vendo nisso a confiança na dinâmica económica. Puro engano. Esta operação tem a ver com posições hegemónicas de grupos económicos que acontecem quer a economia seja dinâmica ou não. A verdadeira economia real, aquela que nos afecta dia após dia, aquela que influencia ou não os empresários, essa está estagnada e sem sinais de qualquer mutabilidade. Por isso, a confiança bate recordes negativos, os empresários não investem, o emprego não se cria. Por esta via, Portugal tem vindo a assistir ao maior empobrecimento de que à memória depois do pós-guerra, com a destruição maciça da classe média - que praticamente já não existe - subsituindo-a por um exército de desempregados, empobrecidos que enxameiam os centros de emprego e as cantinas sociais. E ainda vem o ministro da Segurança Social, Mota Soares - o que andava se "scooter" e agora passeia-se num dos carros mais caros do governo - a cortar nas prestações sociais e a encaminhar desempregados para actividades, por vezes, incompatíveis com a formação e experiência das pessoas, onde seriam mais úteis. Gostava de saber se Mota Soares, ele mesmo, ou os seus filhos, se estavam disponíveis a ir para um lar tratar de velhinhos, ou cortar arbustos nos jardins públicos? Talvez não, afinal já disso deu o mote, aquele que vai da "scooter" ao Audi topo de gama! Mas enfim, essa é a sina lusitana, num governo que já não fala em viajar em classe económica, não vá o diabo tecê-las! Sem crescimento não há emprego, não há confiança, apenas nos iremos empobrecendo cada vez mais até ao nível da indigência, a mesma onde muitos portugueses já se encontram sem saberem bem o que lhes aconteceu. Da oposição nada parece vir de concreto. O PS com um líder fraco - reconhecemos que não era fácil substituir o fogoso Sócrates - mas mesmo assim de quem se esperava bem mais. A restante oposição fica-se pelo protesto, normalmente inconsequente, o que deixa espaço ao governo para continuar a empobrecer os portugueses, porque sabe que tem todo o terreno pela frente. A Europa também ajuda, porque anda mais serena, visto alguns dos seus mentores - do directório - estarem a braços com eleições. Isso significa que andam mais preocupados com os seus lugares do que com o bem-estar dos europeus. Afinal desta geração de políticos europeus temos pouco a esperar. Embora pareça que ainda não nos convencemos bem disso. E é altura de reler-mos livro ou rever-mos o filme baseado no romance de Horace McCoy "They Shoot The Horses, Don't They?" (Na versão portuguesa, "Os Cavalos Também Se Abatem")! Lá veremos muito daquilo porque estamos a passar...
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