Turma Formadores Certform 66

Thursday, May 03, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 180

E o empobrecimento de Portugal lá vai continuando com as medidas cirúrgicas que o governo vai implementando. Os preços sobem a cada momento, os impostos - mesmo que camuflados como acontece com a sobretaxa aos hipermercados (será por isso que um conhecido hipermercado fez promoções a 50%?) - não param de aumentar, o salário é cada vez mais curto, sobrando a cada mês que passa, mais mês do que dinheiro. As dificuldades são imensas e há pessoas que estão a passar por situações que nunca pensaram vir a ter que passar na vida. O desemprego já é o terceiro maior da UE, o que diz bem da situação em que estamos, e que ainda se irá agravar nos próximos dois anos(!), como o sublinhou Passos Coelho no passado 1º de Maio. (E o governo ainda se acha surpreendido com tal número!) Para quem tinha soluções que, em dois meses, transformavam este país num oásis, não deixa de ser patético! Basta ver o que está a acontecer nas instituições de solidariedade, nas cantinas sociais, já para não falar nas cantinas escolares que, nas férias dos alunos, continuam abertas. Isto é o empobrecimento dum país, a destruição duma classe - média - que sempre tem sido um pilar da democracia, numa espiral que não se sabe onde vai parar. Que saudades doutros tempos, dirão alguns! E não basta utilizar o argumento da crise para justificar tudo o que se está a passar. É que para além da crise, à que implementar uma agenda política ultraliberal que parece que ninguém ainda conseguiu ver. E como se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo, não deixa de ser sintomático aquilo que se passou esta semana com a aprovação dum outro PEC - embora com outro nome, mas com a mesma finalidade, como disse e bem Marcelo Rebelo de Sousa - sem que o principal partido da oposição fosse consultado. Não deixa de ser estranho que, para quem criou uma crise política em torno do PEC IV, tome agora tal atitude, e logo, com um partido que assinou o acordo com a "troika", dando desde logo a ideia, de que "se quebrou um consenso dentro do arco governamental em torno das medidas de austeridade" (Marcelo Rebelo de Sousa dixit). E assim, as coisas não irão lá, quando é necessário que exista um leque alargado de consenso em torno de medidas que são difíceis para todos. Esse documento foi enviado para Bruxelas, onde a UE também vem dando mostras de grande confusão. Agora trata-se da aprovação duma espécie de "Plano Marshall" para a Europa, especialmente para os países mais fustigados, como é o caso de Portugal, onde se inserem medidas para o crescimento da economia. Finalmente, e depois de muitos economistas estarem à muito a defender esta solução - no qual nós nos incluímos - parece que a UE acordou, esperemos que não tarde demais. Quando a crise se começou a aproximar dos países com economias mais fortes, os sinos tocaram a rebate, e até Merkel já veio dar o seu acordo a esta ideia. Merkel ficará conhecida como sendo a política que chega sempre atrasada ao comboio da História. Todos sabemos que ela não tem quaisquer conhecimentos de economia e finanças, mas não deixa de ser irónico que os seus pares, não lhe dêem umas liçõeszitas. Dir-nos-ão que também havia a condicionante eleitoral. Mas o que vimos assistindo é que ela está com imensas dificuldades internas, já para não falar no seu "par romântico" que em França, corre o risco de ser o primeiro presidente da República a não conseguir a reeleição. O que só vem provar que mesmo nos países mais fortes, o sentimento das populações começa a ser de alguma inconformidade com o rumo que as coisas estão a levar, em sintonia com as muitas manifestações de desagrado que os outros países já vinham à muito evidenciando. Enfim, é o culminar duma conscencialização dos povos europeus de que a austeridade somada a mais austeridade não conduz ao crescimento nem à resolução dum dos problemas fundamentais actuais, que é o do desemprego. São medidas que carecem de urgência para defender a UE e o euro - daí o terem aparecido quando até agora se defendia o seu contrário - mas temos dúvidas se vêm fora de tempo criando situações que podem, aqui e ali, criar factores de desagregação da própria Europa, dessa mesma Europa sonhada por Jean Monet, Jacques Delors e outros insígnes europeístas e da qual os ultraliberais com as suas políticas estão a por em causa todos os dias.

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