Turma Formadores Certform 66

Friday, May 11, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 181

Vivemos tempos de perturbação, tempos de angústia, tempos de incerteza. Mas, sobretudo, vivemos tempos de mentira refinada! E chegados aqui, temos por certo que o importante será mais do que sermos manipulado é sabermos que somos manipulados. Soubesse à dias que afinal Portugal sempre vai perder os 383,38 milhões de euros pela não efectivação do TGV! Foi-nos dito que esse fundos não eram perdidos que seriam reafectados a outras rúbricas. Mentira pura! Já aqui o tínhamos denunciado e agora, - hélas! -, eis a confirmação da notícia. Portugal não vai só perder os 383,38 milhões de euros, mas a não efectivação da linha de alta velocidade será um retrocesso na política de transportes para Portugal. É o que se pensa na UE e basta ver que a Espanha, que se encontra numa posição até, - em termos comparativos -, pior do que a nossa, fez a sua parte, e a linha acaba próximo da fronteira, porque do lado de cá, existe o deserto, o subdesenvolvimento, o atraso. Claro que, dirão alguns, que não há dinheiro para tal. Pura ilusão, porque é no investimento público que está a saída da crise. E se o houve e continua a haver para um BPN e quejandos também o terá que haver para o bem público. Já o afirmava Keynes, eminente economista inglês que recuperou a economia americana nos anos da crise, - nos anos 30 do século passado, - mas que qualquer ultraliberal, daqueles que nos governam, nem sequer deseja ouvir falar. Preferem continuar com a cartilha ultraliberal, a mesma política ultraliberal que fez escola nos anos 70 e 80 do século passado, na sua versão monetarista, que teve como cobaias os países da América Latina, e com a estratégia definida por Milton Friedamann, faz com que Portugal vá ficando para trás, mergulhando, de novo, no subdesenvolvimento, no atraso, na ignorância, na emigração, como nos tempos mais negros do regime anterior. E não basta ir votar de quatro em quatro anos para que as coisas sejam diferentes. Este governo, com esta política, está a destruir o tecido empresarial português - basta ver o número de empresas que se apresentam à insolvência diariamente - para termos a noção clara do que afirmamos. A classe média já deixou de o ser à muito, embora alguns, ainda vivam na ilusão de que não, mas o tempo acabará por lhes mostrar a dura realidade. Mas a mentira que hoje campeia na política portuguesa é por demais evidente, mesmo quando há ministros a ficarem ofendidos quando tal se lhes imputa e a fazerem o respectivo acto de contrição. E para ilustrar o que dizemos teremos que ver o que aconteceu esta semana com as notícias que vieram a lume sobre o DEO (Documento de Estratégia Orçamental) - uma espécie de PEC disfarçado com outro nome - que já tinha sido enviado para Bruxelas, sem que o parlamento soubesse de nada. (Por algo idêntico, e errado, como aqui fizemos na altura referência, os actuais governantes criaram uma crise política na ânsia de "irem ao pote" (Passos Coelho dixit) e não de um qualquer interesse nacional que diziam defender). Mas, como se isso não bastasse, soubesse esta semana que haviam uns mapas em anexo que não existiam, afirmando o governo que ainda se estava a estudar a situação. Mas não era assim, mais uma mentira. A verdadeira razão era que não queriam dar a conhecer os níveis catastróficos do desemprego, ainda piores do que aquilo que até, o próprio governo, tinha estimado! Depois vieram as versões em inglês enviadas à pressa para a Comissão de Finanças da AR, que desde logo foram rejeitadas e bem, até que apareceram outras em português. Para além do ridículo da situação, não deixa de ser claro que a mentira se institucionalizou no governo e na política. Foi ver o desconforto evidente de Luis Montenegro (PSD) quando debateu esta matéria com Luis Fazenda (BE) no frente-a-frente da SIC Notícias de anteontem. Mas Cavaco nenhuma referência fez ao assunto, escondendo-se atrás dum "não faço comentários" a contrastar com as atitudes que teve num passado recente com outros executivos. Já por diversas vezes afirmamos que Cavaco é um PR de facção e não de todos os portugueses, como deveria ser, mas que o assuma duma maneira tão escandalosa é, de facto, algo de extraordinário. Num governo mergulhado em mentiras sucessivas lá vai o país afundando-se, qual Titanic, enquanto alguns - como no filme de James Cameron - tocam música para acalmar os passageiros. Mas esses, também se afundaram!... Repetimos o que já por diversas vezes afirmamos, para quem tinha uma solução para o país que resolvia tudo em dois meses - ainda se lembram das palavras de Miguel Macedo na qualidade de líder parlamentar do PSD? - durante a anterior legislatura, e afinal o que assistimos é a uma destruição dum país com quase nove séculos de História, numa senda digna dum qualquer Filipe de Espanha, ocupante de antanho. Afinal, nove meses após a governação de Passos Coelho parece que nos caiu nos braços um aborto!

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