Turma Formadores Certform 66

Monday, May 07, 2012

O renascer da Europa?

Ontem jogou-se um dia histórico para a Europa e para o euro. Desde logo, em França, onde François Hollande afastou o "saltitante" Sarkozy, desfazendo o "par romântico" que tanta amargura tem trazido à Europa. Merkel deve ter ficado inconsolável, não só porque perdeu o "seu par" mas também, porque perdeu as eleições regionais. As pessoas começam a tomar consciência de que a austeridade em cima de austeridade não conduz a nada, a não ser ao empobrecimento generalizado, à destruição das economias dos países, ao aumento incontrolável do desemprego. As promessas de Hollande são uma janela de esperança que se abre - se vier a cumprir aquilo que prometeu, e pelo qual foi eleito - trazendo uma visão mais federalista à UE do que esta miserável miopia ultraliberal que até agora a tem dominado. E isso só por si, trará um maior protagonismo à Comissão Europeia que tinha sido reduzida a "verbo de encher" pelo directório franco-alemão. Para isso, basta ouvir as palavras que Durão Barroso proferiu ontem ao felicitar Hollande. Os franceses sempre tiveram uma pecha universalista, exportando modelos de governação e atitudes políticas que influenciaram o mundo desde à muitos séculos. Esperemos que agora aconteça o mesmo, e que a Europa comece a trilhar o bom caminho donde foi afastada, não tanto pela crise, como alguns pretendem fazer crer, mas sobretudo, pelas agendas ultraliberais que a isso obrigaram. (E não esqueçamos que há sempre alguém ao dobrar da esquina a espreitar uma oportunidade, referimo-nos ao surgimento da extrema-direita que teve uma expressão eleitoral muito marcada quer em França quer na Grécia, e isso também nos deve fazer pensar!) É altura da visão federalista ser retomada, seguindo as pisadas de Jean Monet ou Jacques Delors, ambos figuras de grandes estadistas com visões europeístas, que se impõe por si mesmos, longe da mediocridade ultraliberal que até agora tem destruído os países e a própria UE. Mas mais do que a França, devemos estar atentos ao que se passa na Grécia. Esse é o país que mais graves consequências pode ter para nós. Por agora, fala-se num governo de unidade nacional. Veremos o que daí vem. Porque se assim não for, a Grécia tornar-se-á ingovernável e, inevitavelmente, terá que sair do euro. E isso, seria o que de pior poderia acontecer. Embora a própria UE tenha sobre a mesa - duma forma muito discreta - a discussão dessa possibilidade e a maneira de evitar que outros países lhe sigam o caminho por efeito de contágio, mas mesmo assim, o sinal que era dado seria terrível para o euro e para a restante Europa. Vamos ter que aguardar um pouco e ver como as coisas se acomodarão depois da espuma eleitoral ter desaparecido. Mas até lá, ficamos com a sensação de que ontem, foi um dia histórico para a Europa, que se ía estiolando com o passar do tempo. Ontem, surgiu a esperança, veremos se ela se materializa ou se não passa de mais um falso alarme, como por vezes - demasiadas vezes - surgem no tecido político.

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