Nos 300 anos do nascimento de Jean-Jacques Rousseau
Hoje passam trezentos anos sobre o nascimento do grande filósofo iluminista suíço Jean-Jacques Rousseau, que nasceu a 12 de Junho de 1712 em Genebra e viria a falecer em Ermenonville a 2 de Julho de 1778. Para além dum importante filósofo que marcou o seu tempo bem como as gerações vindouras, foi também teórico, político, escritor e compositor autodidacta. Para além dum iluminista viria a ser considerado um percursor do romantismo. É dele a seguinte frase: "Se houvesse um povo de deuses, ele seria governado democraticamente. Um governo tão perfeito não convém aos homens." Esta frase acaba por ser plena de actualidade e atravessar os tempos que, embora diferentes, parece sofrerem dos mesmos males. A razão, para Rousseau, é o instrumento que enquadra o homem, nu, ao ambiente social, vestido. Assim como o instinto é o instrumento de adaptação humana à natureza, a razão é o instrumento de adaptação humana a um meio social e jurídico. Ele viria a afirmar que: "Maquiavel fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições ao povo". Ele foi o grande ideólogo da República, um homem que acabou por estar no enquadramento dos acontecimentos da Revolução Francesa que viria a determinar o fim da monarquia em França. E, como é do conhecimento geral, este acontecimento histórico viria a incendiar a Europa como um rastilho - e Portugal não lhe escapou - sendo deste modo influenciada pelas ideias de Rousseau. A sua obra principal é "Do Contrato Social". Nesta obra Do Contrato Social, publicada em 1762, propõe que todos os homens façam um novo contrato social onde se defenda a liberdade do homem baseado na experiência política das antigas civilizações onde predomina o consenso, garantindo os direitos de todos os cidadãos, e se desdobra em quatro livros. Na transição para a vida em sociedade Rousseau é claro em escrever que: “O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto aventura e pode alcançar. O que com ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui.” (ROUSSEAU, 1978, p. 36). Este filósofo pleno de actualidade e duma importância enorme na cultura do seu tempo, bem como do nosso tempo que não o pode ignorar, passou ao lado dos media portugueses. Quem viu hoje a informação que se produziu em Portugal terá dificuldade em encontrar alguma referência a este autor, e a que aparece é duma discrição punjente. Afinal os media de hoje estavam mais interessados nas notícias do futebol, daí que não tivessem nem tempo, nem espaço para tal notícia que, infelizmente, não vende. Quando a cultura dum povo chega a este patamar temos a obrigação de ficar todos preocupados. (Embora, nem sei porque estou angustiado, visto neste país até terem acabado com o Ministério da Cultura porque, por aquilo que vejo, este deixou de ser necessário!) Mas, dizia, quando um país chega a este ponto, talvez seja de falar da crise, mas não já e só, da crise económico-financeira, mas de outras crises - (o plural não é excessivo!) -, duma crise de valores, duma crise cultural, enfim, duma crise que nos torna ignorantes e nos amesquinha como povo.
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