Conversas comigo mesmo - CVI
Hoje venho falar-vos duma proposta verdadeiramente assombrosa nos tempos em que foi proferida. Lê-se na Bíblia: "Disse Jesus à multidão: 'Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente'." Comer e assimilar é a proposta revolucionária que nos é proposta neste domingo, o 20º do tempo comum. Jesus - o pão vivo - convida-nos a comer a sua carne e a beber o seu sangue. Claro que este convite não é para ser entendido à letra, como o fizeram, escandalizados, os judeus que escutavam Jesus. Comer é assimilar as coisas de que o nosso organismo precisa para a sua subsistência e para o seu desenvolvimento e dinamismo. Comer Jesus, comer a sua carne e beber o seu sangue, é assimilar Jesus. Assimilar a sua palavra e o seu exemplo, o seu sentido de verdade e da justiça, da bondade e da paz; o seu espírito de oração e de obediência ao Pai; a sua compaixão e solidariedade ativa para com todos, especialmente para com os mais humildes e sofredores, ou os mais desprezados. Assimilar Jesus é permanecer nele e viver a partir d'Ele. Não há pois verdadeira comunhão sem um desejo e um esforço sincero de purificar e de corrigir a nossa maneira de pensar, de sentir e de proceder à luz do amor de Cristo, amor de que a Euracristia é proclamação, sinal e fonte. Comungar bem, na verdade, não é questão apenas de abrir a boca mas o coração. Não é apenas "tomar" o Senhor mas antes deixar que o Senhor nos "tome" e dirija a nossa vida. Muitas vezes não pensamos nisto, ritualizamos as coisas e os gestos, o essencial, esse por vezes nem o vislumbramos. A proposta que aqui deixo talvez ajude a descodificar a situação a tornar-nos mais participantes e menos autómatos que proferimos palavras e fazemos gestos dos quais nem sempre sabemos o significado.
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